Após um acordo entre Israel e a milícia palestina Hamas, milhares de palestinos deslocados estão retornando ao que restou de seus lares no norte da Faixa de Gaza. A rota que permite este retorno já deveria ter sido aberta anteriormente, no entanto, Israel alegava que o Hamas não havia cumprido sua parte no pacto.
Na manhã desta segunda-feira (27/01), imagens compartilhadas em redes sociais mostraram multidões de palestinos caminhando pelo corredor Netzarim, uma estrada que foi aberta pelas forças israelenses durante a guerra com o Hamas para dividir o território. Os palestinos estão se dirigindo de volta ao norte da região devastada pela guerra.
Carros de comunicação, incluindo a rede Al Quds, relataram que centenas de pessoas estão se deslocando com seus pertences pela rodovia costeira Rashid, que percorre Gaza de norte a sul. Além disso, a estrada paralela Salah al-Din, que fica mais a leste, também foi liberada, mas os veículos que transitarem por essa rota precisam passar por uma vistoria de uma empresa independente.
Com o retorno, muitos palestinos encontrarão apenas escombros, já que meses de bombardeios destruíram uma significativa parte da infraestrutura do norte de Gaza. Em palavras do grupo islâmico Hamas, "As cenas do retorno das massas do nosso povo às áreas de onde foram forçados a sair, apesar de suas casas terem sido destruídas, confirmam a grandeza do nosso povo e sua firmeza, apesar da profunda dor e tragédia”.
Após o acordo, o Exército israelense permitiu o retorno a partir das 7h (horário local). Porém, no domingo, quando muitos esperavam que o acesso fosse liberado, houve um confronto com os militares israelenses, resultando na morte de duas pessoas.
De acordo com dados da ONU, cerca de dois terços dos edifícios em Gaza foram destruídos ou severamente danificados durante o conflito, com aproximadamente 90% dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza deslocados.
O acesso ao norte deveria ter sido liberado um dia antes. Apesar do acordo de cessar-fogo, Israel bloqueou a passagem, alegando que o Hamas não havia cumprido sua parte, não libertando a refém Arbel Yehud como prometido. O governo israelense reiterou que Yehud, sendo civil, tinha prioridade sobre os militares que foram libertados. O Hamas, por sua vez, negou que tal prioridade estivesse em pauta na negociação.
Para resolver a situação, o Hamas se ofereceu para libertar três reféns na quinta-feira: Arbel Yehud, Adam Berger e um terceiro que ainda não teve sua identidade revelada. Este censo fornecido à Israel incluía informações sobre 33 reféns que seriam libertados, dos quais 25 estariam vivos.
A nova fase do retorno à casa marca um momento de esperança e ao mesmo tempo de dor e reconstrução para a população de Gaza, que agora enfrenta o desafio de reerguer suas vidas em meio aos escombros.