A startup chinesa Sand AI, que atua na geração de vídeos por inteligência artificial, está colocando em prática um sistema rigoroso de bloqueio de conteúdos. Desde abril de 2025, a plataforma impede o upload de imagens consideradas politicamente sensíveis, como fotos do presidente Xi Jinping, da Praça Tiananmen, do icônico "Tank Man", da bandeira de Taiwan e outros símbolos relacionados à libertação de Hong Kong.
A adoção dessas medidas está em consonância com a legislação chinesa que, desde 2023, proíbe modelos de IA de gerar conteúdos que prejudicam a unidade nacional e a harmonia social. Esses bloqueios são aplicados através de filtros automáticos que impedem que usuários utilizem essas imagens, emitindo mensagens de erro que indicam tentativas de burlar o sistema, como renomear arquivos, que se mostram ineficazes.
Além da Sand AI, outras empresas também implementam censura em suas plataformas. A MiniMax, da Hailuo AI em Xangai, também bloqueia imagens do presidente Xi, mas permite algumas imagens da Praça Tiananmen, o que evidencia variações nas práticas de censura entre diferentes startups.
As restrições políticas na China contrastam com o que se observa em outras áreas. Recentemente, foi constatado que as plataformas de geração de vídeo por IA na China apresentam menos limitações em conteúdos pornográficos do que as similares nos Estados Unidos. Esse fenômeno gera debates sobre as prioridades do governo chinês em relação à regulação da tecnologia e o impacto disso na liberdade de expressão.
Além disso, notícias apontam que o governo chinês tem se valido de sistemas avançados de inteligência artificial para aperfeiçoar sua máquina de censura, automatizando o processo de identificação e bloqueio de conteúdos sensíveis, o que tem alarmado defensores da liberdade de expressão e acesso à informação.
O uso de inteligência artificial para fins de censura na China tem atraído a atenção de fora do país, especialmente em um momento de crescente rivalidade tecnológica com os Estados Unidos. A startup DeepSeek, por exemplo, demonstra como a censura é aplicada em tempo real, bloqueando respostas a perguntas sobre temas delicados, como a questão de Taiwan, os eventos de Tiananmen e os protestos relacionados às restrições da Covid-19. Isso destaca as dificuldades enfrentadas para garantir a liberdade de expressão e o acesso à informação em um ambiente digital rigidamente controlado.
Este cenário revela como a inteligência artificial, em vez de ser uma ferramenta de empoderamento, pode ser usada para reforçar narrative oficiais e restringir o debate público. A censura automatizada nas plataformas de IA chinesas exemplifica os desafios enfrentados por aqueles que buscam um espaço de discussão mais aberto e plural no mundo digital contemporâneo.