Em um contexto de crescente preocupação sobre a relevância cultural do Facebook, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, revelou, por meio de e-mails internos de abril de 2022, as dificuldades enfrentadas pela empresa para manter a plataforma como um espaço significativo na esfera social. Esses e-mails foram recentemente apresentados como evidências no processo antitruste da Comissão Federal de Comércio (FTC) contra a Meta, evidenciando o clima de incerteza e as estratégias discutidas internamente para reverter a situação.
Apesar de uma estabilidade no engajamento dos usuários em várias regiões, Zuckerberg expressou sua inquietação quanto à diminuição da relevância cultural do Facebook. Em suas mensagens, ele reforçou o medo de que essa tendência pudesse antecipar profundas questões de saúde para a plataforma, colocando em risco o futuro da Meta. Com o desempenho positivo de Instagram e WhatsApp, Zuckerberg alertou que não haveria futuro viável para a Meta se o Facebook não se mantivesse forte.
Um dos principais problemas identificados foi a obsolescência do modelo de "amizade" do Facebook. Zuckerberg observa que as listas de amigos de muitos usuários estavam ultrapassadas e não refletiam mais as pessoas com as quais desejavam se conectar. Em suas palavras, ele preferia seguir influenciadores em plataformas como Instagram ou Twitter, em vez de interagir na rede centrada em amigos do Facebook. Essa mudança nas preferências dos usuários, do conceito de "amizade" para o de "seguimento", foi vista como um fator que minava a relevância cultural da plataforma.
Nos e-mails, Zuckerberg discutiu três estratégias potenciais para reavivar a relevância do Facebook. Uma das sugestões mais radicais foi excluir totalmente as redes de amigos dos usuários, obrigando-os a recomeçar suas conexões do zero. Essa ideia, considerada “louca”, destacava a urgência com a qual a Meta deveria abordar o desafio.
Outra área de foco foram os grupos e comunidades dentro do Facebook. Embora Zuckerberg estivesse otimista em relação ao potencial de mensagens comunitárias, mostrava-se cético sobre o quanto a plataforma poderia desenvolver esse recurso após anos de melhorias. Isso sugere que, apesar das comunidades apresentarem oportunidades, não seriam a única solução para o problema de relevância.
Meses antes dos e-mails, Facebook havia lançado o Reels, um recurso de vídeo curto semelhante ao TikTok, tentando atrair audiências mais jovens e se adaptar a novas maneiras de consumo de conteúdo. Zuckerberg apoiou essa mudança, mas enfatizou a necessidade de uma visão única para o aplicativo do Facebook a fim de diferenciá-lo de seus concorrentes.
Os e-mails expõem uma empresa lidando com questões fundamentais sobre a identidade e a relevância de seu produto principal no dinâmico panorama das redes sociais. As preocupações de Zuckerberg evidenciam a dificuldade em manter significado cultural em um ambiente onde as preferências dos usuários e as dinâmicas das plataformas mudam rapidamente. Esses dilemas internos, agora tornados públicos através do processo da FTC, ressaltam o que a Meta enfrenta ao tentar equilibrar inovação e características tradicionais.
O impacto cultural em declínio do Facebook representa um risco não apenas para a plataforma, mas para todo o ecossistema da Meta, que depende fortemente do sucesso contínuo do Facebook. Através destas revelações, vislumbra-se um futuro incerto para a plataforma e para a estratégia da empresa em um cenário social que está em constante transformação.