O dólar americano despencou para seu menor valor em três anos em relação ao euro e atingiu mínimas de sete meses frente ao iene nesta segunda-feira (21/04). A queda drástica da moeda foi impulsionada por críticas intensificadas do presidente Donald Trump ao Federal Reserve, além de sugestões de demissão do chairman Jerome Powell. Essa situação gera preocupações sobre a interferência política na instituição e agrava a incerteza provocada pela guerra comercial entre os EUA e a China.
O Bloomberg Dollar Spot Index recuou 0,5%, seguindo uma queda de 0,7% na semana anterior. A pressão sobre o dólar teve início quando Trump declarou publicamente que a "demissão de Powell não poderia vir rápido o suficiente", o que foi corroborado por assessores que informaram que a Casa Branca está considerando as opções legais para remover o presidente do Fed. Especialistas destacam que tal discussão prejudica a percepção de autonomia da instituição.
Além das tensões políticas, as incertezas provocadas pela guerra comercial também impactam o desempenho dos ativos americanos. Futuros do S&P 500 e Nasdaq apresentaram queda, acompanhados de uma desvalorização nos títulos do Tesouro, sinalizando uma reversão na tendência do movimento "America First". A escalada nas tarifas impostas por Trump contra seus parceiros comerciais e a falta de progresso nas negociações com a China e o Japão foram fatores adicionais que contribuíram para esse cenário.
A crescente pressão sobre a autonomia do Fed é considerada um sinal perigoso, de acordo com Win Thin, da Brown Brothers Harriman. A possibilidade de politização da política monetária é um tema que deve ser tratado com seriedade. Nesse clima de incerteza, moedas seguras como o iene e o franco suíço se destacaram, enquanto o ouro se aproximou de marcas recordes.
Analistas prevêem que a fraqueza do dólar pode continuar à medida que as tensões políticas se intensificam. O foco dos investidores está voltado para os resultados corporativos de empresas como Tesla e Alphabet, que poderão testar a resiliência dos mercados em meio a esses novos desafios. A próxima reunião do Fed, agendada para maio, será crucial para determinar se o banco central manterá sua postura independente ou cederá à pressão política por cortes nas taxas de juros.