O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, se encontra com o líder da junta militar de Mianmar, General Min Aung Hlaing, em 17 de abril de 2025, na Tailândia. O objetivo da reunião é garantir segurança para as equipes humanitárias e discutir a extensão de uma trégua decretada pelo regime, a qual expira em 22 de abril.
Um terremoto devastador de magnitude 7,7, ocorrido em 28 de março, causou a morte de mais de 3,6 mil pessoas e deixou cerca de 2 milhões necessitando de ajuda nas áreas controladas pela junta militar. A reunião tem como propósito principal facilitar a assistência humanitária e garantir a segurança dos resgatistas malaios que estão trabalhando na região afetada.
A iniciativa de Anwar Ibrahim, entretanto, não passa sem críticas. Grupos de parlamentares asiáticos, como os da APHR, argumentam que o diálogo entre Malásia e Mianmar pode acabar por legitimar o regime militar, ignorando as incessantes violações de direitos humanos. Anwar ressalta a importância da ajuda humanitária, mas o contexto político é delicado e repleto de tensões.
A Tailândia também desempenha um papel crucial nesse encontro. O ex-premiê tailandês, Thaksin Shinawatra, atuou como mediador e sugeriu a libertação de presos políticos como uma condição para o diálogo. A ASEAN, por sua vez, mantém uma posição de exclusão dos líderes militares birmaneses em cúpulas desde 2021, mas a Malásia tentou abrir um canal informal através de Anwar.
Ainda que a trégua esteja em vigor, informações de monitoria apontam para a continuidade dos combates em várias regiões. A junta controla as áreas impactadas pelo terremoto, enquanto grupos armados controlam regiões fronteiriças, dificultando a distribuição eficaz de ajuda humanitária.
Thaksin defendeu uma "estratégia unificada" entre os países da ASEAN para pressionar o regime de Mianmar e sugeriu que concessões a minorias étnicas poderia ser um caminho viável. Anwar também mencionou que o General Min Aung Hlaing reconhece a "amizade bilateral", embora a abertura para negociações ainda seja limitada.
A crise em Mianmar gera repercussões regionais significativas. A China, por exemplo, fechou passagens de fronteira após ataques ao seu consulado em Mandalay, enquanto a Tailândia discute com a Malásia formas de mitigar os efeitos de enchentes no sul, aliando essa questão à ajuda humanitária regional.
O encontro na Tailândia é uma nova tentativa de abordar a complexidade da crise em Mianmar. A intenção de Anwar de priorizar a assistência humanitária contrasta com as preocupações de legitimação do regime, o que evidencia um cenário tenso e multifacetado. A continuidade da trégua e o acesso humano à região afetada são essenciais para determinar os próximos passos nas relações entre Malásia e Mianmar.