Durante uma visita crucial a Teerã, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou que o Irã está "não longe" de conseguir uma arma nuclear. Esta visita ocorre em meio a intensas negociações indiretas entre os Estados Unidos e o Irã, mediadas por Omã, que buscam um acordo para limitar o programa nuclear da nação persa.
Ao chegar em Teerã no 16 de abril, Grossi reiterou que o Irã está se aproximando da capacidade de desenvolver uma bomba nuclear. O país é o único que enriquece urânio a 60%, cifra que se aproxima dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares, apesar de Teerã afirmar que seu programa tem fins pacíficos. A AIEA aponta que, desde a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear em 2018, o Irã acumulou grandes estoques de material físsil, crítico para a produção de armas.
Grossi destacou a necessidade da comunidade internacional em verificar as declarações do Irã, sugerindo que meras negações não são suficientes para assegurar a paz. O acordo de 2015 impunha limites rigorosos sobre o enriquecimento de urânio, limitando-o a 3,67%, mas a situação atual exige um novo entendimento.
As conversas entre os iranianos e os americanos foram reiniciadas em 12 de abril em Mascate e contaram com a mediação de Omã. As discussões se concentraram na flexibilização das sanções econômicas e na continuidade do enriquecimento de urânio, um aspecto que o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, considera "inegociável" para o Irã. Por outro lado, o enviado americano, Steve Witkoff, defende a suspensão do enriquecimento como um passo necessário no diálogo.
Apesar das divergências nas abordagens, o diálogo avança, e o líder iraniano, ayatollah Ali Khamenei, manifestou satisfação com as discussões, embora mantenha uma postura de desconfiança em relação às intenções dos Estados Unidos.
A AIEA desempenha um papel vital na supervisão do uso pacífico da energia nuclear e na prevenção da proliferação de armas nucleares. Grossi destacou que a agência precisa permanecer técnica e imparcial para facilitar a resolução do impasse nuclear iraniano. O ministro Araghchi, por sua vez, expressou confiança na missão da AIEA e advertiu contra entidades que buscam comprometer as negociações.
A visita de Grossi e as negociações subsequentes são observadas com atenção por líderes globais, devido a suas potenciais repercussões na segurança do Oriente Médio e nas relações internacionais. A próxima rodada de discussões, agendada para 19 de abril em Roma, será crucial para a determinação dos rumos do programa nuclear do Irã e a viabilidade de um novo acordo que possa conter a proliferação na região.
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