O Ministério Público do Ceará denunciou Márcio Marcelo Santos, ex-secretário municipal de Esportes de Jijoca de Jericoacoara, junto com dois organizadores do evento clandestino "UFC Jeri", por homicídio culposo. A denúncia ocorreu em 15 de abril de 2025, quase sete meses após a morte do lutador João Victor Penha, que tinha apenas 23 anos. O trágico incidente ocorreu na Areninha de Jericoacoara, onde o atleta sofreu um traumatismo cranioencefálico durante uma luta e faleceu três dias depois.
João Victor participou de uma luta de boxe no "UFC Jeri", em 7 de outubro de 2023. Durante o combate, ele foi nocauteado e sofreu um severo traumatismo craniano. Apesar de ter sido socorrido e internado na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, o lutador não resistiu aos sérios ferimentos. A investigação apontou que o evento carecia de supervisão qualificada e de equipamentos de proteção, além de não ter passado pelos exames médicos obrigatórios que visam garantir a segurança dos competidores.
A investigação realizada pelo Ministério Público destacou diversas irregularidades na organização do "UFC Jeri". Entre as principais falhas estão:
Essas falhas foram cruciais para o desfecho trágico que culminou na morte de João Victor Penha, segundo os responsáveis pela investigação.
A denúncia traz à tona a responsabilidade de Márcio Marcelo Santos, que na época era secretário de Esportes e autorizou a realização do evento sem garantir as normas de segurança. A promotora Laura Uchôa afirmou que o ex-secretário agiu de forma negligente ao vincular o evento à prefeitura, comprometendo a segurança dos atletas.
A investigação se baseou em uma compilação de evidências, incluindo vídeos do evento, testemunhos, laudos periciais e normas técnicas internacionais. A Delegacia Municipal de Jijoca de Jericoacoara conduziu as investigações, que culminaram na denúncia formal do Ministério Público do Ceará.
Os denunciados, Márcio Marcelo Santos, e os organizadores Pedro Henrique Rodrigues do Nascimento e Natanael William de Queiroz Sousa, enfrentam o crime de homicídio culposo. Este caso enfatiza a necessidade de fiscalização rigorosa em eventos esportivos, alertando sobre os riscos envolvidos em competições clandestinas.
O episódio também levanta questões sobre a realização de eventos desportivos em contextos não regulamentados, que colocam em risco a vida dos atletas. A intervenção do Ministério Público marca um avanço na busca de responsabilização e prevenção de futuras tragédias em Jericoacoara e no estado do Ceará.
A importância de uma organização criteriosa dos eventos esportivos, principalmente aqueles que envolvem lutas, é um tema que deve ser amplamente debatido para salvaguardar a integridade física dos competidores e evitar cenários trágicos como o que levou à morte de João Victor Penha.