O Brasil está atualmente engajado em intensas negociações com a China e a Índia para ampliar o comércio agropecuário, com o objetivo de fortalecer as exportações de produtos como soja e carne. As reuniões, que ocorreram em Brasília nos dias 16 e 17 de abril de 2025, contaram com a participação de autoridades dos ministérios da Agricultura dos três países. Este esforço acontece em um cenário global de tensões comerciais, onde o Brasil busca se consolidar como um parceiro estratégico.
O encontro envolveu figuras-chave como o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, e o vice-ministro chinês, Zhang Zhili. O foco das discussões foi não apenas aumentar o comércio de produtos agrícolas, especialmente soja e carne, mas também promover a cooperação em áreas como pesquisa e tecnologia agrícola.
As negociações são vistas como uma resposta ao atual ambiente de incertezas comerciais, principalmente em virtude das tensões entre os Estados Unidos e a China, o que abre espaço para o Brasil se destacar como fornecedor alternativo no mercado asiático.
A China se configura como o principal destino da soja brasileira, recebendo aproximadamente 75% das exportações deste produto. O crescimento nas exportações está projetado para ser significativo, com estimativas de aumento de pelo menos 80%. Isso se deve à guerra comercial entre Pequim e Washington, que resultou em tarifas elevadas sobre produtos norte-americanos, fazendo do Brasil um fornecedor estratégico.
Durante as reuniões, foram abordados tópicos fundamentais, como a reabilitação de frigoríficos brasileiros que haviam sido suspensos por questões de saúde, além do fortalecimento da capacidade produtiva para atender à demanda crescente da China. Outras áreas de foco incluem a cooperação em biotecnologia e agricultura digital, bem como a necessidade de agregar valor aos produtos antes da exportação.
Simultaneamente, o Brasil também recebeu representantes da Índia em busca de intensificar os laços comerciais e a cooperação em inovação e sustentabilidade no setor agrícola. A Índia, sendo uma das maiores economias agrícolas, representa uma oportunidade estratégica para diversificar os parceiros comerciais do Brasil.
Os acordos de cooperação visam a troca de experiências em produção sustentável, segurança alimentar e certificação digital de produtos agropecuários. O desenvolvimento dessas relações é crucial para o Brasil, que agora se posiciona para reduzir sua dependência de mercados tradicionais.
As negociações brasileiras estão se dando em um contexto de crescente protecionismo no comércio global, especialmente entre as grandes potências. A guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China tem impulsionado o Brasil a se tornar um parceiro confiável, mas também impõe riscos, como a possibilidade de escassez interna e aumento de preços aos consumidores brasileiros.
O governo está atento a esses desdobramentos, buscando equilibrar o crescimento das exportações com a necessidade de manter a estabilidade do mercado interno. A expectativa nas esferas de negócios e governamentais é que essa reorganização do comércio mundial traga novas oportunidades para o agronegócio brasileiro.
Brasil também se prepara para sediar a próxima cúpula do Brics, programada para julho de 2025 no Rio de Janeiro, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva programando uma visita à China em maio para participar do Fórum China-CELAC. Essas iniciativas vão reforçar a importância das relações multilaterais para o setor agropecuário brasileiro.
A continuidade dos diálogos e a execução de acordos bilaterais e multilaterais serão cruciais para consolidar a posição do Brasil como um dos principais fornecedores globais de alimentos, especialmente aproveitando a demanda crescente da Ásia.
Em resumo, este momento representa uma oportunidade sem precedentes para o Brasil expandir sua presença no comércio agropecuário internacional, fortalecendo laços com nações emergentes como China e Índia e superando desafios logísticos e estruturais, garantindo um crescimento sustentável e competitivo no setor.