Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi intimado pela Polícia Federal (PF) para prestar depoimento a respeito de suspeitas de espionagem contra o Paraguai. Essa intimação surge após a alegação de que dois agentes da Abin teriam confirmado a realização de um ataque hacker por parte do Brasil, com o objetivo de obter informações sobre as negociações referentes à Usina Hidrelétrica de Itaipu. Junto a Corrêa, Alessandro Moretti, ex-número 2 da Abin, também foi intimado, com depoimentos agendados para a próxima quinta-feira na sede da PF em Brasília.
A investigação está inserida em um inquérito mais abrangente, denominado Abin Paralela, que investiga suspeitas de espionagem ilegal durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro. Durante o processo, a PF afirmou que a Abin tem dificultado o andamento das investigações. No entanto, a agência nega essas alegações, sustentando que todos os documentos requisitados já foram entregues. A rivalidade entre a PF e a Abin tem se acentuado desde o começo da administração Lula, com ambos os órgãos em um embate constante por poder e influência.
A suspeita de espionagem contra o Paraguai trouxe à tona uma crise diplomática significativa entre os dois países. O governo paraguaio convocou seus embaixadores e exigiu explicações sobre as alegações. A PF busca esclarecer se a operação de espionagem foi oficialmente arquivada e em que momento isso ocorreu. Paralelamente, integrantes da Abin levantaram dúvidas sobre a origem dos vazamentos de informações pertinentes a uma operação iniciada no governo anterior, o que complicou ainda mais a tensão diplomática.
A tensão entre a PF e a Abin reflete uma batalha mais ampla por influência e controle dentro do governo. Ambos os órgãos possuem lideranças nomeadas diretamente pelo presidente Lula, o que torna a rivalidade ainda mais acirrada. A Abin, que está subordinada à Casa Civil, enfrenta sérias questionamentos sobre suas práticas e transparência nas investigações. A PF, por outro lado, está tentando consolidar um espaço mais forte em investigações relacionadas à segurança nacional.
À medida que as investigações prosseguem, a interação entre a PF e a Abin pode definir não apenas o desfecho do caso em questão, mas também moldar a dinâmica das agências de inteligência e segurança do Brasil nos próximos anos. O desenrolar dessa situação é aguardado com expectativa tanto no campo político quanto diplomático.