A formação dos policiais no Brasil tem sido alvo de críticas contundentes sobre sua eficácia e adequação. Em uma recente entrevista à CNN Brasil, o professor Rafael Alcadipani, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), fez uma avaliação clara: a formação policial é deficiente e carece de mudanças estruturais.
Alcadipani destacou que os problemas na formação estão profundamente enraizados na falta de infraestrutura e preparo adequado dos agentes de segurança. Ele alertou que, enquanto a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública busca integrar investigações, não aborda criticamente as questões fundamentais de formação e infraestrutura necessária para o trabalho policial eficiente.
A crítica à formação policial no Brasil não se limita apenas à infraestrutura, mas também a um modelo pedagógico que prioriza o treinamento militar em detrimento de uma abordagem humanizada. A ênfase excessiva em disciplina e táticas militares tem gerado um ambiente que, muitas vezes, se afasta dos princípios de direitos humanos e do engajamento da comunidade. Isso se reflete em uma cultura autoritária que pode promover abusos e aumentar a violência policial.
A precariedade na infraestrutura das forças policiais é outro fator que compromete a eficácia dos serviços prestados. Muitos agentes enfrentam limitações em recursos básicos, como equipamentos necessários para garantir a segurança em suas operações, incluindo coletes à prova de balas. Essa falta de recursos não apenas afeta a segurança dos policiais, mas também a confiança da população nas instituições de segurança.
Para superar os desafios enfrentados pela formação policial, Alcadipani enfatiza a necessidade de implementar mudanças significativas. Isso inclui a introdução de disciplinas voltadas a direitos humanos, promovendo uma abordagem mais colaborativa com a sociedade e atendendo à demanda por uma polícia mais próxima da comunidade que serve.
A melhoria da infraestrutura das forças policiais é igualmente essencial. Isso envolve garantir que os agentes estejam não apenas bem equipados, mas também devidamente preparados para as funções que desempenham, minimizando riscos durante o cumprimento do dever. Além disso, a falta de um corpo docente qualificado e dedicado nas academias de polícia é um obstáculo que precisa ser enfrentado. A formação de professores qualificados é fundamental para assegurar que os futuros policiais recebam uma educação que os prepare adequadamente para os desafios contemporâneos da segurança pública.
Em suma, a crítica à formação policial no Brasil traz à tona a urgência de reformas abrangentes que considerem não apenas a estrutura educacional, mas também os contextos sociais e culturais nos quais os policiais operam. A construção de uma polícia mais eficiente e integrada à comunidade depende de investimentos e comprometimentos que vão além das mudanças superficiais.