No dia 10 de abril, a Argentina viveu sua terceira greve geral desde a posse de Javier Milei como presidente em dezembro de 2023. A paralisação, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), mobilizou uma ampla gama de setores, abrangendo ferroviários, metroviários, taxistas, trabalhadores portuários, aeronautas, além de profissionais da educação, saúde, bancários e servidores públicos.
A greve foi motivada por protestos contra as políticas econômicas do governo Milei, que têm se caracterizado por cortes de gastos e um aumento significativo no processo de privatizações. Os sindicatos criticam que essas medidas têm causado efeitos prejudiciais, especialmente sobre trabalhadores e aposentados, enquanto o setor financeiro continua a prosperar em meio a essa crise. A CGT denunciou a "insensibilidade" do governo, apontando para os cortes que afetam diretamente os orçamentos destinados à saúde e à educação.
O impacto da greve foi amplamente sentido em Buenos Aires, onde o transporte público sofreu severas interrupções. Os serviços de trens e metrôs paralisaram, levando a um grande número de passageiros a recorrer a carros particulares ou táxis. Entretanto, os ônibus mantiveram circulação, oferecendo uma alternativa para os que precisavam se deslocar. No setor aéreo, mais de 250 voos foram cancelados devido à adesão dos sindicatos da aviação. A paralisação também afetou escolas e hospitais públicos, muitos dos quais fecharam as portas durante o dia.
Em resposta ao movimento grevista, o governo de Milei minimizou a importância da paralisação. O presidente descreveu a greve como um ato de natureza política, sugerindo que sua realização servia apenas para expor os adversários de suas políticas. Além disso, Milei utilizou suas redes sociais para reafirmar a necessidade de reformas, compartilhando críticas de aliados contra a greve. Enquanto isso, o governo trabalha para firmar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma medida que visa fortalecer suas reservas financeiras e permitir alguma forma de alívio econômico.
A Argentina enfrenta um cenário econômico desafiador, marcando uma importante tensão social. Apesar de um recente declínio na taxa de inflação, os índices ainda permanecem elevados, e a pobreza continua a ser um tema premente, mesmo que tenha mostrado sinais de redução nos últimos meses. As greves que emergem nesse contexto são um reflexo da insatisfação popular em face das políticas de austeridade do governo, que são vistas como insuficientes pelas massas trabalhadoras que exigem melhores condições salariais e a proteção dos direitos dos aposentados.