Em uma decisão que repercute em todo o mundo, Jackie Chen, uma trabalhadora social de 48 anos, foi condenada a três anos e nove meses de prisão por seu papel nos tumultos ocorridos em Hong Kong durante os marcantes protestos de 2019. O novo julgamento, que levou à condenação, ocorreu em um contexto profundamente polarizado, onde a luta por direitos civis e liberdade de expressão se tornou uma questão central na cidade.
Durante o processo, Chen foi acusada de incitar as tensões durante um protesto em Wan Chai em 31 de agosto de 2019. Inicialmente absolvida em setembro de 2020, a decisão foi revertida sob um recurso do Departamento de Justiça, que suscitou a reabertura do caso. Contudo, mesmo após se declarar inocente no novo julgamento realizado em dezembro de 2024, ela acabou sendo considerada culpada em março de 2025.
Os protestos que abalavam Hong Kong tiveram início em junho de 2019, em resposta a um polêmico projeto de lei de extradição que, após massivas manifestações, foi retirado. Porém, as manifestações rapidamente se transformaram em um movimento abrangente que exigia maior democracia e denunciava o comportamento repressivo da polícia. Nesse cenário, Chen se destacava como uma mediadora, tentando garantir que a polícia mantivesse um comportamento moderado e evitando confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Durante o julgamento, o juiz enfatizou que as declarações de Chen, feitas através de um megafone, foram interpretadas como “fictícias” e incitantes, o que supostamente exacerbava a hostilidade entre os manifestantes e a polícia. A defesa de Chen não contou com testemunhas que poderiam corroborar sua versão dos fatos, limitando as chances de absolvição. Em vez disso, foram apresentadas cartas de apoio à sua conduta, mas mesmo isso não foi suficiente.
A sentença inicial era de cinco anos, mas diferentes fatores, incluindo o contexto de sua profissão como trabalhadora social e os acordos realizados por co-réus que admitiram a culpa, resultaram em uma pena reduzida para Chen.
A condenação de Jackie Chen gerou reações intensas tanto dentro quanto fora de Hong Kong. A abordagem rigorosa adotada pelas autoridades locais para lidar com os protestos é visto por muitos como um ataque fronto à liberdade de expressão e ao direito de reunião pacífica. O cenário de repressão crescente sobre ativistas e defensores dos direitos humanos é uma preocupação crescente para a comunidade internacional.
Organizações de direitos humanos e vários países manifestaram sua preocupação com a deterioração das liberdades civis em Hong Kong. A condenação de Chen se destaca como um sinal dos desafios enfrentados por aqueles que se levantam em defesa da democracia e dos direitos sociais em um ambiente cada vez mais adverso.