Na última sexta-feira, 4 de abril, uma juíza federal de Maryland tomaram uma decisão significativa ao ordenar que o governo dos Estados Unidos providencie o retorno imediato de Kilmar Armando Ábrego García, um imigrante salvadorenho deportado por erro administrativo para El Salvador. A ordem judicial ocorre em um contexto de crescente preocupação com a situação dos imigrantes nos EUA e os procedimentos de deportação adotados pela administração atual.
A deportação de Ábrego García foi tratada como um "erro administrativo" pela Casa Branca. O caso levanta questões relevantes sobre a responsabilidade do governo em proteger individuos que enfrentam risco de perseguição em seus países de origem. Apesar do reconhecimento do erro, a administração inicialmente hesitou em facilitar seu retorno, alegando que o imigrante estaria sob a custódia do governo salvadorenho.
Kilmar Ábrego García não é um imigrante qualquer; ele viveu nos Estados Unidos com status legal protegido, é casado com uma cidadã americana e é pai de três filhos nascidos no país. Em 2019, a justiça o protegeu contra a deportação para El Salvador, reconhecendo o risco de perseguição por gangues locais.
No entanto, em março de 2025, ser deportado para El Salvador significou colocar sua vida em perigo, uma vez que ele foi enviado para o Centro de Confinamento de Terrorismo (Cecot) junto com outros supostos membros de gangues. Isso só reforça as preocupações sobre a validade da política de deportação, que, segundo críticos, tem utilizado alegações de vínculos com organizações criminosas para justificar expulsões de pessoas vulneráveis.
A juíza Paula Xinis determinou que o governo deve garantir o retorno de Ábrego García até a próxima segunda-feira, 7 de abril, alertando que sua permanência em El Salvador representaria um "dano irreparável". Durante a audiência, a juíza sublinhou que ele tem direito ao devido processo legal, um princípio fundamental que, segundo ativistas dos direitos dos imigrantes, tem sido frequentemente ignorado nos processos de deportação.
A Casa Branca, após inicialmente resistir à ideia de reverter a deportação, agora enfrenta pressão para agir rapidamente e respeitar as determinações judiciais. A decisão é vista como um sinal forte de que a Corte está disposta a contrariar políticas que falham em proteger imigrantes.
A família de Ábrego García, liderada por sua esposa Jennifer Vasquez, expressou alívio e gratidão pela decisão, mas também ressaltou a necessidade de garantir a segurança de Kilmar. Protestos têm sido organizados por grupos de defesa dos imigrantes, que se mobilizaram para destacar a injustiça enfrentada por aqueles que estão sob ameaça de deportação, especialmente considerando o contexto de insegurança e violência em El Salvador.
A situação de Kilmar Ábrego García é apenas um dos muitos casos que refletem as dificuldades enfrentadas por imigrantes que buscam asilo ou proteção nos Estados Unidos. As práticas de deportação sob o governo Trump e sua sequência têm suscitado um debate sobre a necessidade de reformar o sistema de imigração, assegurando que os direitos dos indivíduos sejam respeitados e que não sejam retirados de um país em que têm laços familiares e um potencial futuro.
Assim, enquanto a decisão judicial representa um avanço para Ábrego García e sua família, o contexto mais amplo revela os desafios persistentes a que muitos imigrantes são submetidos no atual sistema de imigração.
Para mais detalhes sobre este caso e suas implicações políticas, assista ao vídeo da CNN Brasil que discute a decisão e suas repercussões.