Em meio a uma onda de tensões políticas em Nepal, a capital Kathmandu foi palco de violentos confrontos na sexta-feira, que resultaram na morte de duas pessoas e deixaram mais de 100 feridos. Os incidentes se intensificaram durante uma manifestação de apoiadores do ex-rei Gyanendra Shah, que clamavam pela restauração da monarquia, abolida em 2008.
A manifestação, que reuniu uma grande quantidade de pessoas, se virou contra a polícia quando os manifestantes tentaram marchar em direção ao Parlamento, desafiando uma proibição governamental. As forças policiais responderam com a utilização de canhões de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão. Durante os conflitos, o líder do movimento, Nabaraj Subedi, ficou ferido, e um jornalista, Suresh Rajak, perdeu a vida.
A situação se agrava à medida que o governo nepalês impôs um toque de recolher em diversas áreas de Kathmandu e mobilizou o exército para restaurar a ordem. Além disso, mais de 100 manifestantes foram detidos, acusados de vandalismo e incêndios. Um mandado de prisão foi emitido para Durga Prasai, considerado responsável por incitar a violência durante os eventos.
A crise que abala o Nepal vai além dos confrontos nas ruas. O descontentamento popular é palpável, alimentado por uma crise de estabilidade política e econômica que se arrasta há anos. Desde a abolição da monarquia, o país passou por diversas mudanças de governo, o que impactou negativamente o crescimento econômico e a vida cotidiana da população.
Os manifestantes defendem que a situação do país se deteriorou sob o regime republicano, com um aumento da corrupção e a escassez de oportunidades. Em reação à violência, grupos opositores realizaram manifestações pacíficas, reiterando a importância de manter o sistema republicano vigente.
A repressão governamental, ao impor um toque de recolher e militarizar as áreas afetadas, indica um tom de intransigência frente à crescente insatisfação dos que clamam pela monarquia. A posição de figuras como o ex-primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal é de alerta, com acusações ao ex-rei por suposto envolvimento em instigar os distúrbios. O cenário político continua incerto e volátil, com a possibilidade de novos confrontos se precipitando a qualquer momento.
Diante do contexto conturbado e da polarização crescente, as perspectivas para um diálogo pacífico entre as facções permanecem distantes. As tensões sociais no Nepal, enraizadas em uma história de instabilidade, devem ser observadas de perto conforme os eventos se desenrolam, definindo o futuro do país.