Em uma declaração que pode mudar o rumo do conflito, o presidente russo Vladimir Putin sugeriu que a Ucrânia poderia ser colocada sob uma administração temporária, um passo que ele acredita ser necessário para facilitar novas eleições e estabelecer acordos de paz duradouros. A sugestão foi feita durante uma visita à base naval da Frota do Norte em Murmansk, na Rússia, no dia 28 de março de 2025, onde Putin se mostrou confiante de que o objetivo primordial é a recuperação da democracia no país.
Putin destacou que essa administração temporária poderia ser implementada sob os auspícios de organismos internacionais, incluindo a ONU, os Estados Unidos e países europeus, bem como parceiros da Rússia. O líder russo argumentou que, para que a paz seja alcançada, é crucial realizar eleições democráticas que possam restaurar um governo confiável em território ucraniano.
A proposta de Putin surge em um contexto de profundas críticas à legitimidade do governo da Ucrânia, que é liderado pelo presidente Volodymyr Zelenskyy. Este governo, segundo Putin, está no poder de forma ilegítima, uma vez que permaneceu no cargo além do término de seu mandato, previsto para maio de 2024.
A realização de novas eleições é inviável sob a lei marcial que está em vigor desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022. Essa perspectiva traz à tona a necessidade crescente de se encontrar uma solução pacífica para o conflito, especialmente à luz dos esforços recentes dos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump busca reatar diálogos com a Rússia.
A reação internacional à proposta de Putin ainda é incerta, pois não houve uma resposta imediata por parte do governo ucraniano. No entanto, a comunidade internacional está atenta a essa sugestão. O presidente francês Emmanuel Macron já tomou a frente e organizou um encontro com líderes de uma "coalizão disposta" em Paris. Durante essa reunião, as discussões se concentraram especialmente em como fortalecer a posição da Ucrânia e até a possibilidade de desdobrar forças europeias no país, como um suporte a um futuro acordo de paz.
Macron enfatizou que o principal objetivo dessa coalizão é alcançar a paz, mas ressalvando que a Rússia não deve ser autorizada a prolongar as negociações para ganhar mais território. Essa é uma preocupação crescente entre os países europeus que buscam um fim imediato para a agressão russa.
A ideia de uma administração temporária na Ucrânia é recebida com ceticismo por diversos analistas e especialistas em segurança, que apontam que a Rússia tem utilizado estratégias similares no passado para obter vantagens a longo prazo, sem de fato buscar uma resolução duradoura para os conflitos. Neste sentido, a situação continua a ser tensa, com a Rússia controlando atualmente cerca de 20% do território ucraniano, tendo anexado quatro regiões antes de a proposta de Putin ter sido divulgada.
Enquanto isso, a comunidade internacional permanece evaliando alternativas diplomáticas que possam levar a um desfecho para o conflito, concentrando esforços na busca por uma proposta que atenda a todos os envolvidos e permita a recuperação da paz na região.