Mais de um milhão de refugiados rohingyas vivendo em campos de Cox's Bazar, em Bangladesh, enfrentam uma crise de sobrevivência que pode se aprofundar com os cortes de ajuda humanitária programados para abril de 2025. Estes refugiados são sobreviventes de uma intensa perseguição no Myanmar, tendo fugido de ataques brutais perpetrados pelo exército em 2017. Dependentes quase que exclusivamente da assistência internacional, a iminente redução de recursos já levanta sérias preocupações sobre a segurança alimentar e o bem-estar dessas crianças e famílias.
Os anúncios recentes do Programa Mundial de Alimentos (WFP) sinalizam uma drástica diminuição nas rações mensais de alimentos, que cairão para apenas seis dólares, em comparação com os doze e cinquenta que recebiam anteriormente. Essa redução poderá impactar gravemente as condições de vida dos refugiados, que já enfrentam altos índices de desnutrição; mais de 15% das crianças nos campos são consideradas desnutridas agudas. Esse cenário se torna ainda mais alarmante quando se considera que as mulheres e crianças são os grupos mais vulneráveis.
A dependência da ajuda humanitária está amplamente relacionada às severas restrições impostas pelo governo de Bangladesh, que dificultam o acesso dos rohingyas ao mercado de trabalho. Sem oportunidades de emprego, muitos refugiados se veem cada vez mais mergulhados em um ciclo de pobreza e insegurança. Relatos sugerem que a diminuição das rações poderá também provocar um aumento da criminalidade e do desespero entre os que vivem nos campos.
A comunidade internacional, por sua vez, está sendo convocada a aumentar o investimento financeiro em apoio aos refugiados e às comunidades que os acolhem. A ONU, junto com diversos parceiros, busca arrecadar 934,5 milhões de dólares para atender às carências emergenciais. Organizações como a Anistia Internacional têm destacado a urgência de ações concretas para prevenir o agravamento desta já crítica situação.
Enquanto os conflitos no Myanmar persistem, o retorno dos refugiados rohingyas parece uma possibilidade distante. Neste contexto, a assistência humanitária se torna vital não apenas para a sobrevivência imediata, mas também para evitar que muitos refugiados se sintam pressionados a embarcar em jornadas perigosas em busca de segurança. Sem um aumento substancial no apoio internacional, as consequências podem ser devastadoras, transformando a crise em uma das mais inquietantes da atualidade.