Daniela Klette, uma ex-militante de 66 anos da Red Army Faction (RAF), também conhecida como gangue Baader-Meinhof, enfrenta um julgamento em Celle, na Alemanha, após passar mais de 30 anos foragida. Ela é acusada de tentativa de homicídio, roubo e violações da Lei de Controle de Armas de Guerra. Klette foi presa em fevereiro de 2023, vivendo com uma identidade falsa em Berlim.
O caso de Klette remete ao legado da RAF, uma organização terrorista de esquerda radical que surgiu na Alemanha Ocidental na década de 1970. O grupo foi fruto da revolução estudantil de 1968 e ficou marcado por sequestros e assassinatos, incluindo figuras proeminentes como o empresário Hanns-Martin Schleyer e o procurador-geral Siegfried Buback. Embora a RAF tenha se dissolvido oficialmente em 1998, a história de seus membros foragidos ainda persiste.
As circunstâncias da captura de Klette foram inusitadas; ela foi identificada por meio de um software de reconhecimento facial a partir de postagens em redes sociais, onde apareceu em uma aula de samba. A polícia a encontrou em uma moradia social perto da antiga zona do Muro de Berlim, sob o nome falso de "Claudia Bernardi". Antes da prisão, ela teve a presença de um co-conspirador, Burkhard Garweg, acionada ao enviar uma mensagem de texto.
O julgamento é considerado um marco na luta da Alemanha contra o terrorismo, e Klette, por sua vez, se declara inocente das acusações, afirmando que luta por um mundo livre de exploração e opressão. Sua defesa procura enfatizar que ela não representa um risco, tentando desconstruir a imagem de uma terrorista perigosa que a impressionante história criminal da RAF possa evocar.
À medida que o julgamento avança, ele também ressalta as complexas questões de justiça e memória em uma Alemanha que tenta reconciliar seu passado violento com um presente pacífico. O desfecho do caso pode ter implicações significativas não apenas para Klette e seus defensores, mas também para a percepção pública sobre o legado da RAF e suas repercussões na sociedade atual.