Em meio à crescente crise humanitária no Sudão, a força paramilitar RSF tem dificultado a entrega de suprimentos de ajuda, conforme relatado por trabalhadores humanitários. Desde o início do conflito entre as Forças Armadas do Sudão (SAF) e a RSF em abril de 2023, o país tem enfrentado uma das piores crises de fome da sua história recente. A fome foi identificada em agosto de 2024 em dez áreas do país, com 17 regiões adicionais sob risco de entrar em situação crítica até maio de 2025.
A atual crise no Sudão resulta de mais de um ano de violência contínua e severas restrições ao acesso humanitário. A destruição de mercados locais, fábricas de alimentos e o saque de suprimentos agrícolas têm desmantelado completamente o sistema de produção e distribuição de alimentos. Regiões historicamente conhecidas como celeiros, como Gezira, foram gravemente afetadas, com a RSF tomando controle de Wad Medani e pilhando equipamentos agrícolas essenciais.
Os números são alarmantes: 24,6 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda, e 638.000 pessoas estão em níveis catastróficos de fome, a maior cifra registrada em qualquer lugar do mundo. Com mais de um terço das crianças sofrendo de desnutrição aguda, estes números superam o limiar de 20% que corrobora a confirmação de uma situação de fome. Para piorar este cenário terrível, 12,5 milhões de pessoas foram deslocadas, tornando esta a pior crise de deslocamento no planeta.
A resposta da comunidade internacional tem sido chamada a se intensificar, com insistência no aumento do financiamento para os esforços humanitários e a necessidade de um cessar-fogo para permitir a entrega segura da ajuda necessária. O Programa Mundial de Alimentos (WFP) lançou uma ampla operação de assistência alimentar, mas enfrenta grandes desafios devido à insegurança nas zonas mais afetadas pelo conflito. A declaração dos Estados Unidos, que caracteriza o conflito no Sudão como genocídio, pode não apenas aumentar a conscientização global sobre a crise, mas também criar o risco de consequências desastrosas devido à suspensão da ajuda, complicando ainda mais a já precária situação de milhões de sudaneses.