Com a queda do presidente Bashar al-Assad em dezembro de 2024, a Síria se encontra em um marco histórico repleto de incertezas. A comunidade cristã, que anteriormente representava cerca de 10% da população do país, agora se vê navegando entre o medo e a esperança em um cenário marcado por tensões políticas e religiosas.
No primeiro semestre de 2025, a situação se agravou com confrontos entre as forças do novo regime e os apoiadores de Assad, resultando em centenas de mortes, principalmente entre a minoria alauíta. Enquanto os cristãos não se tornaram o alvo principal dessas violências, a atmosfera de insegurança sobre o futuro da Síria aumentou significativamente, colocando a comunidade cristã em um estado de apreensão.
A transição política do país é marcada pela ascensão do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que, apesar de prometer respeitar a diversidade religiosa, levanta questões sérias sobre a proteção das minorias religiosas, incluindo os cristãos. A recente onda de violência contra os alauítas alimenta temores sobre a possibilidade de um endurecimento religioso a ser enfrentado pelas minorias que habitam a região.
Líderes religiosos cristãos começam a questionar o papel desempenhado por seus bispos durante a ditadura de Assad, criticando a proximidade de alguns deles ao regime. Além disso, episódios isolados, como a destruição de uma árvore de Natal em Aleppo, têm contribuído para aumentar a tensão dentro da comunidade. Apesar de o HTS ter condenado tais atos, os cristãos mantêm vigilância, temendo que esses incidentes possam ser um prenúncio de uma hostilidade crescente.
Em meio a esse ambiente complexo, a proteção das minorias torna-se essencial para que o novo governo consiga buscar reconhecimento no cenário internacional. A possibilidade de um novo êxodo de cristãos sírios em decorrência da violência e da instabilidade se torna uma preocupação latente. Enquanto alguns veem a mudança política como uma oportunidade para rever sua posição e direitos, outros temem que a inversão da situação possa levar a um agravamento da perseguição religiosa e à desintegração social.
Assim, a pergunta que ressoa entre os cristãos na Síria é: qual será a real dimensão da liberdade religiosa e da proteção das minorias neste novo capítulo da história síria? As perspectivas permanecem incertas, tecendo um futuro frágil e imprevisível para aqueles que acreditam ser capazes de encontrar um espaço seguro em sua própria terra.