A administração Trump anunciou um plano audacioso para reformar a ajuda internacional dos Estados Unidos, buscando uma abordagem mais estratégica na distribuição dos bilhões de dólares direcionados a países ao redor do mundo. O memorando interno, que delineia as mudanças, sustenta que o atual sistema apresenta problemas de amplitude excessiva e altos custos, sem conseguir reduzir a dependência de algumas nações da assistência norte-americana.
O cerne da reforma propõe a alocação de ajuda com um foco mais estreito e estratégico, prometendo retornos tangíveis para os EUA. Ao mesmo tempo, a intenção é fortalecer a projeção do poder suave americano, consolidar a segurança nacional e se contrapor a rivais globais, como a China. O documento será avaliado pelo Secretário de Estado, Marco Rubio, enquanto a administração busca implementar uma política externa mais coerente e eficaz.
Entre as mudanças propostas, destaca-se a eliminação de quase duas dezenas de escritórios da USAID (Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional), que passaria a ser chamada de Agência dos Estados Unidos para Assistência Humanitária Internacional. Esse órgão reformulado seria integrado ao Departamento de Estado, com um foco limitado a assistência humanitária, resposta a desastres, saúde global e segurança alimentar. Por outro lado, iniciativas consideradas "politicamente orientadas", como a promoção da democracia e o empoderamento das mulheres, seriam direcionadas diretamente pelo Departamento de Estado.
Recentemente, o presidente Trump decidiu suspender por 90 dias iniciativas voltadas para o desenvolvimento internacional, com a justificativa de reavaliar a eficácia delas e verificar a coerência com a política externa americana. Esta suspensão se insere num conjunto de ações destinadas à revisão e reconfiguração da ajuda internacional estadunidense. Também, em uma declaração polêmica, o Secretário de Estado Marco Rubio anunciou o fechamento de 83% dos programas da USAID, alegando gastos excessivos e falta de benefício direto para os Estados Unidos.
A reforma proposta não está isenta de controvérsias legais. Recentemente, um tribunal americano deliberou que Elon Musk e o Departamento de Eficiência do Governo (DOGE) provavelmente utilizaram poderes inconstitucionais na liquidação da USAID, evidenciando as tensões jurídicas e políticas em torno das reformas na ajuda internacional. As implicações dessas mudanças são amplas e ainda estão por serem totalmente compreendidas, mas muitos analistas acreditam que esse novo direcionamento poderá transformar profundamente a maneira como os EUA se envolvem em questões globais no futuro.