A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), se posicionou neste domingo (16) sobre as declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que mencionou a anistia antes do julgamento a que está submetido no Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua análise, Gleisi argumentou que o pedido de anistia equivale a uma confissão sobre a gravidade dos crimes que Bolsonaro enfrenta. "Persistir no ataque às instituições e falar em anistia para quem ainda será julgado significa, na prática, confessar a gravidade dos crimes cometidos contra o estado de direito e a democracia", afirmou a ministra em uma publicação nas redes sociais.
Durante a manhã deste domingo, um evento no Rio de Janeiro reuniu deputados, senadores e governadores, onde os discursos giraram em torno do pedido de “anistia já” para Bolsonaro. O ex-presidente, em seu discurso, refutou as acusações de tentativa de golpe, desmerecendo-as como uma "historinha inventada". Ele também insinuou que a condenação de membros de seus apoiadores, que estavam presentes nos atos antidemocráticos, estava ligada a uma tentativa de justificar a sua própria possível punição de 17 anos de prisão.
Gleisi foi contundente em sua defesa do estado de direito, ressaltando o relatório da Procuradoria Geral da República (PGR), que descreve os atos de Bolsonaro como conspiratórios. "A denúncia da PGR contra os comandantes da tentativa de golpe de Estado é clara: um ex-presidente da República tramou contra o processo eleitoral e a soberania das urnas por quase dois anos, culminando com os atentados de 8 de janeiro", declarou.
Além disso, a ministra também respondeu às críticas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que questionou se o temor de perder as eleições de 2026 teria motivado o afastamento de Bolsonaro das urnas. "Não é Lula que tem medo de perder, governador Tarcísio. É Bolsonaro que tem medo da prisão", retrucou Gleisi, reafirmando a postura firme em relação ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Outros ministros do governo Lula também se manifestaram a respeito dos atos em apoio a Bolsonaro, que ocorreram ao longo do dia. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, destacou que o evento teve a intenção de mobilizar os apoiadores do ex-presidente a pleitear anistia pelos crimes que enfrenta. "Hoje, o inelegível reúne seus seguidores para mobilizar pela anistia para os seus crimes. Se essa onda avançar, Fernandinho Beira Mar e outros poderão solicitar o mesmo perdão para os seus delitos", alertou. Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), compartilhou uma imagem do evento em um comício na Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, enfatizando a defesa de eleições diretas e proclamando: "Democracia Sempre! Sem Anistia!".