Na manhã deste domingo (16), o Diretório Nacional do Cidadania se reuniu em Brasília e decidiu, de forma unânime, pelo fim da federação com o PSDB, que estava em vigor desde as eleições de 2022. O partido justificou essa decisão alegando que a parceria gerou desvantagens significativas, resultando na diminuição de sua representação em diversos âmbitos, como prefeituras, câmaras municipais, estaduais e até mesmo no Congresso Nacional.
Segundo informações divulgadas pela própria legenda, representantes estaduais relataram uma "convivência difícil e desvantajosa" no contexto da aliança com o PSDB. Com isso, o Cidadania agora busca recuperar sua identidade política e reavaliar seus caminhos estratégicos com vistas às eleições de 2026.
Comte Bittencourt, presidente do partido, afirmou que ainda não há uma decisão sobre a disputa do próximo pleito. Ele destacou que o Cidadania está considerando se irá participar sozinho ou se formará uma nova federação. A legislação exige que, após a decisão de se separar de uma federação, a oficialização só possa ocorrer após um período de quatro anos, uma vez que essa foi a duração pactuada.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu que, caso o partido opte por abandonar a federação antes que esse período se complete, enfrentará restrições, como a proibição de ingressar em novas federações ou coligações eleitorais nas duas eleições subsequentes. Além disso, o Cidadania perderá o acesso ao fundo partidário até o cumprimento do prazo.
A votação para o encerramento da aliança foi unânime na Executiva Nacional do partido, com uma decisão já tomada no mês anterior. Durante as eleições de 2022, o Cidadania elegeu cinco deputados federais, mas, ao mesmo tempo, perdeu seu único senador, Alessandro Vieira (SE), que atualmente está no MDB. A sigla também sofreu uma perda recente com a saída da deputada Carmen Zanotto (SC), que foi eleita prefeita de Lajes.
Desde 2019, o Cidadania vem passando por um processo de renovação significante. Nesse período, houve a mudança de nome, abandonando a antiga denominação como Partido Popular Socialista (PPS). A criação do Cidadania ocorreu nos anos 1990, após uma ruptura com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
A legislação que permite a formação de federações foi instituída pelo Congresso Nacional por meio da Reforma Eleitoral de 2021. Essa estrutura funciona como um teste para possíveis fusões, diferenciando-se das coligações, que são uniões feitas apenas para disputas eleitorais. A principal diferença entre federações e coligações é o tempo de compromisso: enquanto coligações se unem somente durante as eleições e atuam como uma entidade perante a Justiça Eleitoral, as federações permitem que os partidos mantenham suas identidades por um período mínimo de quatro anos.
No Brasil, atualmente existem três federações em funcionamento: a Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV; a Federação PSOL-Rede, que une PSOL e Rede; e a já mencionada Federação PSDB-Cidadania.