No último domingo, a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Praia de Copacabana teve a participação de 18,3 mil pessoas, conforme apurado pelo grupo de pesquisa 'Monitor do debate político' do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A pesquisa foi coordenada pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da ONG More in Common. Este número representa uma mobilização significativamente menor em comparação a outros atos do bolsonarismo no Rio de Janeiro.
A pesquisa aponta uma margem de erro de 2,2 mil pessoas, para mais ou para menos, o que pode influenciar a contagem total de participantes durante o evento.
Em setembro de 2022, uma mobilização similar na mesma praia atraiu 64,6 mil manifestantes, o que representa cinco vezes mais do que o número registrado no último ato. Em abril do ano passado, a manifestação contou com 32,7 mil participantes.
“Essa foi uma manifestação pequena para os padrões de mobilização do bolsonarismo”, afirma Ortellado. O pesquisador ressalta, no entanto, que é necessário observar o comportamento de outros eventos antes de declarar que essa queda é indicativa do enfraquecimento do movimento no Rio.
O especialista sugere que a divisão entre os organizadores em relação ao apoio ao pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter dificultado a convocação e conseqüentemente desestimulado o público a participar. “Essa foi uma manifestação cuja mobilização foi muito tumultuada”, apontou.
Além disso, Ortellado mencionou que flutuações na participação são comuns. Ele comparou a situação atual com as manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, que também registraram públicos menores antes de voltarem a crescer.
Para a contagem de participantes, foram tiradas 66 fotos da Praia de Copacabana em quatro horários diferentes durante o evento (10h, 10h40, 11h30 e 12h). O pico de público ocorreu ao meio-dia, quando seis fotografias cobriram toda a extensão da manifestação, permitindo a seleção precisa sem sobreposição.
Utilizando um software especializado, os pesquisadores aplicaram inteligência artificial para identificar e contar as cabeças visíveis nas imagens, garantindo assim uma contagem acurada, mesmo em áreas densas. Atualmente, a técnica apresenta uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5% na identificação de indivíduos. A contagem por meio de imagens aéreas é capaz de manter um erro percentual absoluto médio de 12%, tanto para cima quanto para baixo, em eventos que reúnem mais de 500 pessoas.
A seguir, a lista do público nas principais manifestações bolsonaristas:
Com foco na anistia aos presos do 8 de Janeiro, o ato recente ocorre em meio a denúncias de Bolsonaro e de seus aliados acerca de uma tentativa de golpe de Estado.
A participação de figuras públicas, tais como Tarcísio e outros possíveis 'presidenciáveis', foi notada durante o ato, enquanto personalidades como Michelle não estiveram presentes. A dinâmica entre os líderes bolsonaristas parece refletir um momento em que o movimento enfrenta desafios de coesão e direção.