José Sarney, ex-presidente do Brasil, compartilhou sua perspectiva sobre os 40 anos de redemocratização no país em um texto inédito para a CNN. Ele destaca seu orgulho ao afirmar que “A democracia não morreu em minhas mãos; ao contrário, floresceu”.
Durante seu governo, de 1985 a 1990, Sarney enfrentou um cenário extremamente desafiador. Ele relembra o peso da morte de Tancredo Neves e como sua administração teve o objetivo de estabelecer a **Democracia** e a **Liberdade** como pilares da vida republicana. Ao assumir a presidência, Sarney herdou um país fragilizado por anos de regime autoritário e uma transição complicada. “Governar num tempo difícil depois de um regime autoritário era um desafio sem precedentes”, afirma ele.
Em seu relato, Sarney enfatiza que o Brasil passou por um processo de pacificação durante seu mandato, logrando avanços significativos. Ele destaca que, ao deixar o governo em 1990, não havia prontidão militar, e que as instituições democráticas estavam sendo restabelecidas. Os partidos que antes eram clandestinos voltaram à legalidade, e as reivindicações por direitos civis eram cada vez mais ouvidas.
“Deixamos uma Constituição aprovada, com um avanço democrático considerável para garantir a cidadania em sua plenitude”, enumera. A nova constituição, promulgada em 1988, formalizou um conjunto abrangente de direitos individuais e coletivos, fortalecendo a base da democracia brasileira.
Além das importantes reformas políticas, o governo de Sarney promoveu iniciativas de caráter social. Com o programa “Tudo pelo Social”, foram criadas políticas como o SUS (Sistema Único de Saúde), o seguro-desemprego, e o vale-alimentação. Um dos maiores legados, segundo ele, foi a distribuição diária de mais de 8 milhões de litros de leite às crianças do Brasil, um projeto elogiado pela UNESCO como um dos melhores programas alimentares do mundo.
Na esfera internacional, Sarney também fez questão de mencionar o fortalecimento das relações do Brasil com a Argentina. Ele estava comprometido em criar um mercado comum na América Latina, culminando na fundação do Mercosul junto com o presidente argentino Raúl Alfonsín. Esse movimento ajudou a superar divergências históricas e contribuiu significativamente para a integração regional.
Um dos marcos mais destacados em seu relato é a eliminação da corrida nuclear entre Brasil e Argentina, resultando em um continente livre de armas atômicas. “Fizemos do nosso continente o único do mundo a não possuir armas nucleares, um serviço prestado à humanidade”, declarou.
A Transição Democrática do Brasil, sob a liderança de Sarney, foi considerada a mais exitosa na América Latina, como reconhecido pelo brasilianista Ronald M. Schneider. Ele acredita que essa transição ocorreu sem a intervenção de forças militares, estabelecendo uma democracia que hoje se posiciona como a terceira maior do mundo ocidental.
Estamos diante de um legado de instituições democráticas robustas, capazes de enfrentar crises políticas, como dois impeachments e os tumultos de 8 de Janeiro. Segundo Sarney, “o Brasil, para empregar as palavras de Stefan Zweig, não é apenas o País do futuro, mas sim o País do Presente”, citando o status atual do Brasil como a sétima economia global.
Em conclusão, Sarney expressa seu sentimento de orgulho pelas conquistas da democracia no Brasil ao longo dos anos, reafirmando que a democracia brasileira cresceu e se fortaleceu sob sua gestão. Ele convida o povo brasileiro a valorizar e proteger as conquistas democráticas em tempos desafiadores.
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