Uma grave situação ocorreu na rodovia Anchieta, onde um caminhão colidiu com uma passarela no km 52, causando sua queda e resultando em um congestionamento que durou quase 12 horas.
A passarela, localizada em Cubatão (SP), bloqueou completamente a pista após um caminhoneiro descer do veículo sem puxar o freio de mão, para conversar com outro motorista. O acontecimento interrompeu o tráfego de centenas de veículos que se dirigiam ao litoral paulista na noite de quinta-feira (13).
Entre os motoristas afetados, estava a coordenadora de planejamento Nathália Silva Santos, de 36 anos, que decidiu deixar um coletivo e seguir a pé. Com ela, outros três colegas caminharam aproximadamente 8 km para tentar escapar do engarrafamento.
Nathália, residente em Santos, relatou que a situação era inédita para ela, que costuma percorrer aquela estrada há 15 anos. "Em acidente, comigo foi a primeira vez. Já aconteceu, por exemplo, de ter o acidente, mas a gente acaba conseguindo chegar em casa em algum momento, né? Nunca aconteceu nesse nível", descreveu.
A viagem de Nathália partiu da capital por volta das 17h, mas o ônibus ficou paralisado próximo ao pedágio na altura do km 31, às 18h20. Inicialmente, ela pensou que o atraso fosse apenas um engarrafamento temporário, até que as informações sobre o acidente começaram a circular.
Lucas Chiaratti Jacinto, analista de FineOps, também estava preso no trânsito, e comentou: "Chegou a informação do acidente mas ninguém sabia da gravidade. Ninguém sabia da expectativa de quanto tempo [até liberar]".
Com relatos sobre a seriedade do acidente, Nathália decidiu entrar em contato com seu marido que a aguardava em Santos, e assim resolveram que ela faria a travessia a pé. "Eu tinha receio de ir a pé. Eu falei, olha, tem lugar [no carro] para mais três pessoas. E aí essas três pessoas que toparam foram comigo", contou.
No entanto, a caminhada não foi fácil. O percurso entre as rodovias estava repleto de detritos e, segundo Nathália, o cheiro intenso de dejetos deixados por outros que também tentaram escapar do congestionamento era insuportável. Ela ainda teve que pagar duas tarifas de pedágio: uma ao passar no fretado e outra ao voltar com seu marido.
O trajeto, que durou horas e repleto de imprevistos, a levou a chegar em casa por volta das 2h30 da manhã, após uma jornada de mais de 12 horas desde o início de sua viagem.
Lucas e outros motoristas que permaneceram nos fretados também enfrentaram dificuldades. O analista, que chegou em casa por volta das 9h, constatou que a comunicação da concessionária sobre a situação do acidente foi insatisfatória. "Eles [Ecovias] postaram que estavam levando água. É uma brincadeira, acho que, de mau gosto até. Porque, assim, pra gente não chegou nada. A gente ficou totalmente isolado, sem segurança", explicou.
Esse sentimento de abandono foi compartilhado entre os passageiros, muitos dos quais se viram sem assistência durante o período crítico no trânsito. Uma questão levantada por Nathália refletiu a preocupação com outros passageiros que poderiam precisar de ajuda, medicamentos ou mesmo de suporte emocional durante o estresse do engarrafamento.
Conforme o cenário se desenrolava, motoristas como Lucas e Nathália sentiam a pressão de uma infraestrutura que não parecia preparada para lidar com emergências desse tipo, especialmente em uma rodovia que costuma registrar volumes altos de tráfego.
A situação nesta rodovia ressalta a necessidade urgente de um plano de contingência mais eficaz por parte das concessionárias, para que situações similares não deixem motoristas em condições de isolamento e desassossego.
O congestionamento na rodovia Anchieta, que ultrapassou 20 km no sentido do litoral, foi frustrante e angustiante para todos os envolvidos. A queda da passarela não apenas causou um acidente, mas também expôs falhas na comunicação e assistência aos motoristas.
Como consequência, histórias como a de Nathália e Lucas se tornam exemplos da importância de uma gestão proativa de tráfego e implementação de medidas preventivas para evitar que problemas como esse se repitam no futuro.
Esse evento trágico nos convida a refletir sobre a segurança nas estradas e a qualidade do serviço prestado pelas concessionárias. É fundamental que medidas adequadas de comunicação e suporte sejam oferecidas aos usuários para que incidentes inesperados não tornem-se experiências tão traumáticas quanto esta.