A Polícia Federal (PF) lançou o Desafio PF 2025, uma competição entre suas 27 superintendências com o intuito de aumentar a eficiência nas operações e na polícia judiciária. No entanto, essa iniciativa tem gerado críticas por parte da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), que considera a competição prejudicial ao ambiente laboral.
O projeto convida as superintendências a competirem entre si de 10 de março a 9 de setembro, buscando pontuações com base na performance em operações, perícias e indicadores de polícia judiciária. Segundo a PF, essa abordagem é uma maneira “lúdica e objetiva” de engajar servidores e melhorar resultados estratégicos.
A corporação argumenta que essa prática é comum em diversas organizações, tanto públicas quanto privadas, e que já foram realizados desafios semelhantes nos anos anteriores, em 2023 e 2024. A PF afirma que o Desafio 2025 tem como objetivos principais melhorar índices operacionais e promover a integração entre os agentes, assim como valorizar boas práticas e inovações.
Entretanto, logo nos primeiros dias da competição, um levantamento realizado pela CNN revelou um aumento considerável nas operações policiais. No dia 11 de março, por exemplo, o número de ações saltou de quatro em 4 de março para 20, representando um aumento de 400%. Em comparação com dados do ano passado, essa quantidade já se mostrou significativamente maior.
Em resposta à implementação do desafio, a ADPF protocolou um ofício na terça-feira (11) ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. No documento, a associação expressa sua preocupação em relação ao aumento da pressão sobre os delegados e o potencial estresse que isso pode gerar. De acordo com a entidade, é ilógico submeter um efetivo já exaurido a uma competição que poderia exacerbá-los ainda mais.
Os delegados levantam questões sobre a valorização dos servidores, destacando que tal competição contraria iniciativas anteriores, como o Programa Rosa dos Ventos, que visam acolher e apoiar os policiais, dada a alta carga estressante das atividades. Além disso, a associação criticar a forma como os prêmios do desafio são estruturados, sugerindo que as recompensas apresentadas não são adequadas, considerando que responsabilidades logísticas são obrigações naturais do órgão.
A ADPF também solicitou a suspensão imediata da competição, orientando os investigadores a não participarem do desafio. Até o momento, a PF não se posicionou oficialmente sobre as críticas do grupo.