Cientistas realizaram uma descoberta significativa na Formação Anacleto, localizada no norte da Patagônia, ao descreverem uma nova espécie de titanossauro, nomeada Chadititan calvoi, que pode ser traduzida como “titã do sal”. Essa nova espécie foi caracterizada como um “gigante gentil”, com um corpo delicado e pertencente ao grupo Rinconsauriano. Estima-se que tanto o C. calvoi quanto outros fósseis encontrados na área tenham cerca de 78 milhões de anos.
Os titanossauros desse grupo são conhecidos por serem menores que seus primos próximos, mas o C. calvoi se destaca por suas características únicas, como um pescoço esguio e membros delicados, com vértebras alongadas. O nome Chadititan foi escolhido em homenagem às planícies de sal do local onde o fóssil foi encontrado, uma área que já se mostrou uma verdadeira “sala do tesouro” para paleontólogos, com diversos fósseis raros.
A Formação Anacleto já forneceu à ciência importantes espécimes para estudos, não apenas dos titanossauros, mas também do primeiro registro de uma família de caracóis terrestres chamada Neocyclotidae e o primeiro registro inequívoco do caracol tropical que respirava ar, conhecido como Leptinaria. Além disso, as tartarugas são um destaque da fauna local e foram mencionadas como as mais impressionantes do local pelos cientistas.
Em entrevista ao site IFLScience, o principal responsável pela pesquisa, Federico Agnolin, destacou que cerca de 90% dos fósseis encontrados são de tartarugas de água salgada, um percentual que é considerado incomum, uma vez que na América do Norte e na Europa, esse número raramente ultrapassa 50%. A descoberta dos fósseis ocorreu em um projeto dedicado ao estudo do fim da Era dos Dinossauros na Patagônia.
A pesquisa recebeu financiamento da Sociedade National Geographic, junto com o apoio de mais de 10 museus e universidades argentinas, incluindo o Museo de La Plata. O projeto visa preencher lacunas no conhecimento sobre os últimos 15 milhões de anos do Período Cretáceo, tanto em relação aos dinossauros quanto a outros vertebrados que habitaram a região durante esse período.
Fósseis de moluscos, peixes e tartarugas também foram identificados na região. A análise da presença e ausência dessas espécies fornece informações valiosas sobre o meio ambiente da época. Por exemplo, a abundância de tartarugas e a escassez de crocodilos, quando comparados a regiões na Europa e América do Norte, indica como o ecossistema patagônico já estava se tornando bastante distinto à medida que os continentes se afastavam.
As novas descobertas paleontológicas na Patagônia não apenas ampliam o conhecimento sobre a época dos dinossauros, mas também revelam as complexidades da vida durante o Cretáceo. Enquanto as pesquisas continuam, mais informações sobre as interações entre espécies e mudanças nas condições ambientais são esperadas. Especialistas aguardam ansiosamente por novas descobertas que possam lançar mais luz sobre a evolução e a extinção dos dinossauros.