Uma expedição realizada por uma equipe de cientistas chineses, envolvendo diversas universidades, desembarcou na Fossa das Marianas em 2021. O estudo resultou na identificação de milhares de espécies de micróbios, com surpreendentes 90% delas desconhecidas pela ciência até então.
Além dos microrganismos, a equipe coletou vários espécimes de crustáceos e uma espécie de peixe, revelando insights sobre as adaptações que possibilitam a vida em profundidades extremas, que alcançam milhares de quilômetros.
Os pesquisadores utilizaram o submarino de águas profundas Fendouzhe para explorar o local mais profundo do nosso planeta, localizado no oeste do Oceano Pacífico, realizando 33 mergulhos em profundidades que variam de 6.000 a 10.900 metros. Durante essa missão, foram coletadas amostras importantes de sedimentos, água e organismos.
Entre as descobertas, destacam-se mais de 7.000 espécies de micróbios, além de 662 anfípodes, conhecidos como Hirondellea gigas, que são crustáceos subordinados às fossas marinhas, e o Pseudoliparis swirei, que se destaca como o peixe que vive nas maiores profundidades do oceano.
A análise genética dos micro-organismos revelou um genoma menor e mais eficiente, o que contribui para sua especialização e sobrevivência nas condições extremas do fundo do mar. Os micróbios que dominam a Fossa das Marianas demonstram adaptações únicas em seu DNA, e os cientistas acreditam que essas características podem contribuir para a preservação da biodiversidade em regiões ameaçadas ao redor do mundo.
A equipe de pesquisa ressalta que a diversidade e novidade dos micro-organismos hadais (relativos à zona mais profunda do oceano) indicam um potencial de novos genes, estruturas e funções no DNA, que podem oferecer alternativas para minimizar o esgotamento de recursos biológicos na terra.
O ponto mais profundo da Fossa das Marianas, conhecido como Depressão Challenger, atinge aproximadamente 10.984 metros de profundidade e já foi explorado por apenas 22 humanos. Os pioneiros dessa exploração foram Don Walsh e Jacques Piccard, nos anos 1960, e entre os últimos a visitá-la, estão os atuais pesquisadores que protagonizaram este novo estudo.