Atualmente, a Argentina vive um cenário de desastres climáticos sem precedentes. Recentemente, o presidente Javier Milei retirou a delegação do país da última Conferência das Partes (COP) e sinalizou a possibilidade de saída do Acordo de Paris. Essa postura, no entanto, não contribui para a resolução dos graves problemas ambientais que a Argentina enfrenta.
Condições climáticas extremas têm sido uma constante no país, especialmente neste final de verão. Na última semana, uma tempestade devastadora atingiu Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, resultando em 400 mm de chuvas em apenas oito horas. Isso representa mais da metade da média anual de precipitação da região, que é de 600 mm. Este evento catastrófico já resultou em >15 mortes e deixou centenas de pessoas desabrigadas, além de causar inundações severas, destruição de pontes e a inundação do hospital José Penna, necessitando de evacuação assistida pelo exército.
O impacto nas áreas abastecedoras de água foi brutal, com a contaminação da rede de distribuição, elevando o risco de surtos de doenças como leptospirose e hepatite.
De acordo com o jornal La Nación, as chuvas torrenciais submergiram quase 2 milhões de hectares de terras agrícolas e pecuárias em 13 municípios. Culturas que estavam prestes a ser colhidas, como o girassol, foram afetadas, assim como houve uma diminuição na disponibilidade de pastagens.
Na capital, Buenos Aires, a situação também é alarmante. Durante a última semana, a sensação térmica alcançou impressionantes 47 °C, levando a uma falta de energia elétrica em vários bairros. Essa escassez de energia é resultado do consumo excessivo, impulsionado pelo uso intensivo de ar-condicionado e climatizadores. A infraestrutura da cidade não está preparada para suportar essas ondas de calor.
Os eventos climáticos extremos não se limitam ao verão. No inverno de 2024, a região da Patagônia enfrentou um dos invernos mais rigorosos das últimas décadas, com temperaturas atingindo até −20 °C. Isso resultou no congelamento de rios e lagos, exigindo operações de resgate para ajudar comunidades isoladas e animais em risco. O sistema de distribuição de energia elétrica também sofreu cortes severos, e diversas tragédias se seguiram, com muitos animais silvestres e domésticos não sobrevivendo às baixas temperaturas.
A postura negacionista de Javier Milei em relação às questões climáticas é amplamente observada e criticada. Apesar da declaração do Ministério da Economia de destinar aproximadamente US$ 9,2 milhões para a recuperação de Bahía Blanca, o governo não ficou imune a críticas severas. Informações recentes indicam que a diretoria nacional de emergência, responsável por auxílio em desastres, foi desativada apenas três dias antes da tempestade. Ademais, 485 funcionários foram demitidos ou afastados, fruto da política de cortes de gastos públicos promovida por sua gestão.
Diante da frequência e gravidade crescentes dos desastres climáticos, seria prudente que o governo argentino reconsiderasse sua posição atual. No entanto, no radar político, essa mudança não parece estar próxima.
Considerando os desafios climáticos que a Argentina enfrenta, é crucial que a população e os líderes se mobilizem para discutir soluções eficazes. Compartilhe suas opiniões e reflexões nos comentários abaixo!