O Edifício A Noite, reconhecido como o primeiro arranha-céu da América Latina, está atualmente passando por uma reforma significativa no coração do Rio de Janeiro. A revitalização do prédio histórico teve seu início celebrado em 13 de setembro de 2024, quando uma iluminação especial foi inaugurada para marcar essa nova etapa.
Situado na Praça Mauá, na Zona Portuária do Rio, o edifício será submetido a um retrofit, que é uma técnica de modernização que respeita as características históricas do local. O projeto é liderado pela empresa Azo, a responsável pela transformação do prédio em um empreendimento residencial.
A aquisição do Edifício A Noite ocorreu no ano passado, quando a incorporadora comprou o imóvel da Prefeitura do Rio de Janeiro através de um processo de concorrência pública. O edifício esteve fechado por mais de uma década até ser comprado pela Prefeitura, que investiu R$ 28,9 milhões em março de 2023, como parte de um esforço para revitalizar a área central da cidade.
As obras são projetadas para durar um total de 30 meses e incluirão um espaço público no terraço, um restaurante e um memorial dedicado à Rádio Nacional, que anteriormente tinha sua sede no edifício.
Além disso, o projeto prevê um mirante no topo do prédio, que proporcionará uma vista espetacular da cidade do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara.
O memorial da Rádio Nacional contará com uma área chamada Chão de Estrelas, que homenageará os artistas que marcaram a história da emissora.
Inaugurado em 7 de setembro de 1929, o Edifício A Noite foi projetado pelo arquiteto Joseph Gire, em colaboração com Elisiário da Cunha Bahiana. Este prédio em estilo Art Déco é considerado um ícone da arquitetura brasileira e desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da engenharia no país.
Joseph Gire também é o autor de outros edifícios lendários na cidade, como o Hotel Glória, o Copacabana Palace Hotel e o Palácio das Laranjeiras.
Com 22 andares e uma altura de 102 metros, o Edifício A Noite foi o mais alto da América Latina até 1934, quando perdeu esse título para o Edifício Martinelli, em São Paulo. O prédio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconhecido por sua estrutura, valor arquitetônico e cultural.
Originalmente, o edifício foi a sede do jornal “A Noite”, um vespertino fundado em 1911 pelo jornalista Irineu Marinho, que, 14 anos depois, lançaria “O Globo”.
Em 1940, o edifício passou a ser patrimônio da União, abrigando diversas repartições públicas.
O prédio também foi a sede da Rádio Nacional, inaugurada em 1936, e um importante marco na comunicação do Brasil. A rádio se destacou na Era de Ouro do Rádio, sendo um dos principais meios de difusão artística no país durante as décadas de 30 e 40.
Na década de 40, a emissora foi estatizada pelo governo de Getúlio Vargas e se tornou um veículo de propaganda do regime político da época.
Artistas renomados como Francisco Alves, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Marlene, Emilinha Barbosa, Cauby Peixoto, Elizeth Cardoso e Ângela Maria brilharam nas transmissões da Rádio Nacional, acompanhados de orquestras, e se tornaram figuras icônicas durante esse período.
Antes do advento da televisão, a rádio alcançou grande popularidade, e foi nessa emissora que se originou o programa jornalístico “O Repórter Esso”, famoso por seu slogan “a testemunha ocular da história”.
Em 2012, a Rádio Nacional deixou o Edifício A Noite após 76 anos de atividades no local. Atualmente, a emissora se encontra instalada nas dependências da TV Brasil, no bairro da Lapa.