Os acidentes nucleares são eventos que envolvem dispositivos nucleares e materiais radioativos, e ao longo da história, alguns desses acidentes tiveram consequências profundas para a humanidade. Entre os mais notáveis estão o acidente de Chernobyl, ocorrido em 1986, e o de Fukushima, que aconteceu em 2011. No Brasil, o incidente com Césio-137, em Goiânia, também se destacou, resultando em contaminação e mortes em 1987.
Os acidentes nucleares são avaliados pela Escala Internacional de Acidentes Nucleares, conhecida pela sigla INES, que classifica os eventos de 0 a 7. O nível 0 indica um desvio sem impacto na segurança, enquanto 7 representa um acidente grave, comparável ao de Chernobyl.
Veja a seguir detalhes sobre os principais acidentes:
O acidente de Chernobyl é amplamente considerado o mais grave e trágico da história. Em 26 de abril de 1986, uma falha durante um teste de segurança no reator 4 levou a uma explosão e subsequentemente a um incêndio que danificou o edifício da usina, liberando uma quantidade imensa de radiação na atmosfera.
Ao longo dos anos, milhões de pessoas foram expostas à radiação, afetando áreas na Bielorrússia, Ucrânia e Rússia. A ONU estima que cerca de 8,4 milhões de indivíduos foram impactados. Mais de 300 mil pessoas foram deslocadas de suas residências. Até hoje, uma zona de exclusão permanece em torno da usina, e cientistas preveem que essa área permanecerá inabitada por pelo menos 20 mil anos, com esforços de descontaminação a decorrer por várias décadas.
Imediatamente após o acidente, 28 pessoas faleceram devido aos efeitos diretos da radiação, e mais de 100 ficaram feridas. Pesquisas indicam um aumento no câncer entre crianças e adolescentes nas áreas afetadas, além dos impactos negativos sobre a fauna e flora local.
O acidente em Fukushima, ocorrido em 2011, é o acidente nuclear mais recente e foi desencadeado por um terremoto seguido de um tsunami que devastou a região noroeste do Japão. Considerado um evento de nível 7 na escala INES, é considerado o segundo pior desastre nuclear da história.
Acatando os danos causados, o Fukushima se destaca como a maior tragédia que o Japão enfrentou desde os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em 1945. No dia 11 de março de 2011, três dos seis reatores estavam ativos. O tsunami inundou as instalações, resultando em um colapso do sistema de resfriamento e levando ao derretimento do núcleo.
As explosões de hidrogênio, resultantes do colapso, causaram uma liberação significativa de radiação, obrigando mais de 160 mil pessoas a evacuar suas casas. Consta que o descomissionamento da usina pode levar até 40 anos.
O desastre de Kyshtym é um evento histórico que ocorreu na então URSS, causado por uma explosão relacionada a resíduos nucleares que atingiu o nível 6 na escala INES. O acidente se deu em 29 de setembro de 1957, em uma instalação de processamento de plutônio para armas nucleares.
A explosão resultou de falhas no sistema de resfriamento de um tanque com resíduos nucleares, que continha cerca de 80 toneladas de material radioativo. Uma nuvem de gás contaminado tomou a região, obrigando a evacuação de aproximadamente 10 mil pessoas, com um saldo estimado de pelo menos 200 mortes devido à radiação.
O Canadá também registrou trágicos acidentes nucleares nos laboratórios de Chalk River, em Ontário. O primeiro ocorreu em 12 de dezembro de 1952, quando um reator sofreu uma explosão que destruiu seu núcleo, espalhando partículas radioativas na atmosfera e contaminando milhares de litros de água.
Curiosamente, um jovem Jimmy Carter, que viria a se tornar presidente dos EUA, estava entre os militares que receberam a missão de conter os danos naquele evento. Seis anos depois, em 1958, outro incidente ocorreu quando as barras de urânio do reator superaqueceram, resultando em um incêndio.
No Reino Unido, um grave acidente nuclear também ocorreu na década de 1950. A instalação de Windscale estava em busca de desenvolver armas nucleares, e um superaquecimento em um reator causou um incêndio que liberou radiação. A INES classificou este evento com nível 5, e um número estimado de mais de 200 pessoas pode ter morrido devido ao câncer decorrente das emissões radioativas, embora o governo não tenha tratado o ocorrido com a transparência necessária.
Em 1979, Three Mile Island registrou o maior acidente nuclear da história dos Estados Unidos, classificado como nível 5 na escala INES. O incidente, ocasionado por problemas mecânicos em uma das válvulas do reator, resultou em superaquecimento, mas não levou a explosões. Contudo, a liberação de vapores e gases contaminados afetou aproximadamente 25 mil pessoas.
De acordo com relatos, o governador da Pensilvânia ordenou a evacuação de mulheres e crianças em um raio de 10 km da usina.
O Brasil também se destaca com o grave acidente de Césio-137 em Goiânia, no estado de Goiás, em 1987, sendo o maior do país. Em setembro do mesmo ano, dois catadores de papel encontraram um aparelho de radioterapia abandonado e o levaram para um ferro-velho, onde o desmontaram.
Os catadores e os proprietários do ferro-velho, atraídos pela cor do material, acabaram espalhando o cloreto de césio entre vizinhos e familiares. Estima-se que a exposição ao Césio-137 tenha afetado mais de 100 mil pessoas, resultando em 11 mortes e mais de 600 contaminações.
A instalação nuclear de Saint-Laurent, na França, também vivenciou dois acidentes significativos de nível 4. O primeiro, em 1969, resultou no derretimento do urânio em um dos reatores, causando um colapso na torre. Apesar do ano de recuperação, não houve perdas de vidas e os riscos permaneceram limitados à localização do acidente. Em 1980, outra falha no sistema de resfriamento levou ao derretimento do combustível do reator, mas felizmente não gerou emissão de material radioativo.
O acidente nuclear em Seversk, na Rússia, ocorreu em 1993 após a explosão de um tanque contendo substâncias radioativas. A cidade, que foi “secreta” até 1992 e abrigava várias instalações nucleares, via-se imersa em uma tragédia que, apesar de não ter números exatos de vítimas, liberou material radioativo no ar.
Um acidente em Tokaimura, também no Japão, em 1999, causou um evento de nível 4 na escala INES. O erro se deu devido ao uso incorreto de urânio por trabalhadores, que utilizaram sete vezes a quantidade permitida, resultando em um vazamento. O trágico resultado desse erro levou à morte de dois trabalhadores por envenenamento por radiação e expôs mais de 70 pessoas a níveis nocivos de radiação.
Esses acidentes demonstram a importância da segurança no uso da energia nuclear e suas consequências potencialmente devastadoras. É essencial que haja uma conscientização sobre os riscos associados e as medidas necessárias para prevenir tais desastres no futuro.
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