Hayra Vitória Pereira Nunes, uma conhecida mãe de santo no Gama, Distrito Federal, era vista como uma figura carismática e acolhedora. Aos 22 anos, mãe de três filhos e casada, ela organizava eventos e recebia seguidores em seu terreiro. No entanto, por trás dessa imagem de generosidade, escondia-se uma realidade obscura.
Em 6 de março de 2025, Hayra foi detida por agentes da 14ª Delegacia de Polícia do Gama, acusada de exploração e agressão a pessoas vulneráveis que trabalhavam para ela. A prisão ocorreu após uma tentativa frustrada de fuga para Planaltina de Goiás. O caso revela um esquema de abuso que utilizava a religião como disfarce para práticas cruéis.
O método de atuação de Hayra envolvia o uso da religião para conquistar a confiança de indivíduos em situações de vulnerabilidade. Prometendo emprego e acolhimento, ela atraía essas pessoas para seu terreiro. Assim que chegavam, as vítimas eram submetidas ao controle, exploração e violência. Um dos casos mais recentes envolve uma adolescente de 17 anos, que buscava apoio para sua transição de gênero e acabou se tornando vítima desse esquema. Inicialmente, a jovem foi tratada com respeito, mas logo foi isolada de sua família e obrigada a realizar trabalhos domésticos e sexuais sem qualquer remuneração. Outra mulher que trabalhava na casa também relatou agressões e controle por parte de Hayra.
A situação das vítimas era alarmante. Relatos indicam que, após os eventos e a saída dos convidados, Hayra mantinha um ambiente de medo e dominação. Aqueles que desobedeciam suas ordens eram alvos de castigos físicos e psicológicos. A polícia descobriu que Hayra impedia as vítimas de manter contato com suas famílias, e as condições de desnutrição e degradação enfrentadas por elas foram comprovadas durante a investigação.
No desenrolar das investigações, Hayra tentou fugir do Gama para se esconder em Brasilinha, Goiás. Contudo, sua tentativa de escapar foi rapidamente frustrada. Em 6 de março de 2025, agentes da Polícia Civil do Distrito Federal conseguiram localizá-la e efetuar sua prisão. Agora, a acusada enfrenta diversos crimes, incluindo redução à condição análoga à escravidão, cárcere privado, lesão corporal e maus-tratos. O caso segue sob investigação, e a polícia busca identificar outras possíveis vítimas.
A história de Hayra Vitória Pereira Nunes serve como um alerta sobre como a confiança e a fé podem ser manipuladas para fins nefastos, ressaltando a importância de proteger os mais vulneráveis em nossa sociedade.