A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR deverá assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do governo a partir desta segunda-feira (10). Um de seus principais desafios será fortalecer a relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os partidos que compõem sua base de apoio. A SRI tem a responsabilidade de intermediar a comunicação entre o presidente e o Congresso, assim como com partidos, estados, municípios e entidades da sociedade civil.
Atualmente, Lula enfrenta um cenário complicado, caracterizado por uma queda na popularidade e tensões nas relações com legendas do Centrão, como União, PP, MDB e PSD, que já ocupam cargos na Esplanada, mas que ainda divergiram em relação às propostas do governo e desejam mais influência nas pastas relevantes. Os partidos enviaram avisos de que poderiam deixar a base governista, especialmente após a reforma ministerial que não incluiu nenhuma sigla do Centrão.
Gleisi Hoffmann chega à SRI em substituição a Alexandre Padilha (PT-SP), que agora lidera o Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade. Apesar de alguns partidos estarem à frente de ministérios, um líder político consultado pela CNN mencionou que eles ainda lutam por um espaço mais significativo na Esplanada, e também que futuras mudanças nas pastas devem ser proporcionais, evitando favorecimentos a siglas que já ocupam um número considerável de cargos.
Outro desafio que Gleisi enfrentará é reunir a base para consolidar alianças em um momento em que as movimentações políticas para as eleições de 2026 já começaram. De acordo com o apresentador da CNN, Gustavo Uribe, partidos do Centrão já iniciaram conversas para lançar potenciais candidatos à disputa presidencial no próximo ano. Embora União, MDB e PSD tenham descartado apoiadores bolsonaristas, eles também demonstram hesitação em apoiar a reeleição de Lula ou de outro candidato petista, inclinando-se mais à centro-direita. Essa posição é influenciada pela recente queda na popularidade do governo, especialmente devido ao aumento dos preços dos alimentos.
A nova ministra da SRI precisitará ainda articular a votação de propostas prioritárias do governo que enfrentam resistência no Legislativo. Entre essas propostas está a reforma do Imposto de Renda, que propõe isentar o imposto para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Essa reforma é uma das principais bandeiras da campanha de Lula, mas a sua análise atual no Palácio do Planalto visa garantir a compensação financeira relacionada à isenção, tema que é controverso e enfrenta resistência de muitos parlamentares.
Além disso, o governo também planeja enviar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para tratar da segurança pública no país. Essa proposta foi discutida entre o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e diversos governadores. Contudo, a proposta enfrenta resistência nas bancadas estaduais, que temem perder autonomia na gestão das forças de segurança em seus territórios. A proposta agora aguarda a aprovação da Casa Civil para ser encaminhada ao Congresso.