A economia brasileira, após um crescimento robusto de 3,4% em 2024, enfrenta um ano desafiador em 2025, com expectativas de uma desaceleração. A projeção do mercado é de um crescimento modesto de 2,01%, um sinal de alerta para os especialistas que analisam a situação econômica atual.
Entre os fatores que influenciam essa expectativa pessimista está a política fiscal do governo, considerada o maior desafio. Com o Banco Central (BC) em um ciclo de aumento da taxa de juros para conter a inflação, os efeitos dessa medida devem demorar a se manifestar, o que torna a situação ainda mais complexa. Além disso, questões externas, como a postura de Donald Trump, podem complicar ainda mais o cenário econômico.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 3,4% em 2024, especialmente impulsionado pelos setores de serviços e indústria. Entretanto, o mercado projetava um crescimento ainda mais elevado, de 4,1%.
Para 2025, as expectativas estão longe de serem boas. Segundo o relatório Focus, um levantamento econômico realizado pelo BC, a previsão é que a economia brasileira se expanda apenas 2,01%, ligeiramente abaixo da projeção anterior de 2,02%.
Um dos principais fatores para essa desaceleração está relacionado aos gastos do governo. Durante os últimos anos, várias reformas econômicas e um mercado de trabalho aquecido contribuíram para o crescimento econômico, muitas vezes apoiados por estímulos fiscais. Tais estímulos ajudaram a impulsionar o consumo e a atividade econômica, mas agora, especialistas alertam que não há mais espaço nas contas públicas para novos investimentos dessa natureza.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já anunciou um plano de cortes que visa economizar R$ 327 bilhões nos próximos cinco anos, além de equilibrar as contas fiscais. Essa situação sugere que a economia deve passar por uma acomodação ao seu “potencial natural”, com redução dos estímulos financeiros. O economista da XP Investimento, Rodolfo Margato, enfatiza que isso está diretamente ligado à diminuição das injeções de capital na economia. Aumentar os juros também tem sido uma tentativa do BC para controlar a inflação, como afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, que destaca a dificuldade trazida pela política fiscal em contrabalançar os esforços do Banco Central.
Além dos gastos públicos, as taxas de juros elevadas em um cenário de crescente pressão inflacionária representam outro riscos significativo. A combinação de um mercado laboral aquecido e os estímulos fiscais gerou preocupações que a economia pode estar operando acima de sua capacidade, o que alimenta a inflação. Antônio da Luz, economista da Ecoagro, usa a metáfora de um treinamento excessivo para explicar a situação: “Um aluno que abusa de anabolizantes pode parecer em ótima forma, mas exames revelam um problema subjacente”.
A inflação de serviços, por exemplo, já acumula uma alta de 5,9% nos últimos 12 meses, superando a inflação geral que foi de 4,56%. Com essa situação, as taxas de juros, atualmente na casa de 13,25% ao ano, podem subir ainda mais.
Por fim, o desafio também é ampliado pelas novas tarifas de Donald Trump. Desde seu retorno à presidência, Trump tem priorizado a produção interna dos EUA, o que pode prejudicar as exportações. Josenito Oliveira, professor de economia na Universidade Tiradentes, explica que essa estratégia pode gerar aumentos de preços nos EUA, levando a um maior controle inflacionário que, por sua vez, afeta a economia brasileira ao elevar o custo de produtos importados.
Com o dólar se apreciando, o Brasil pode enfrentar novos desafios, especialmente para produtos e insumos que dependem da importação. O cenário é ainda mais complexo considerando que o dólar já registrou uma alta superior a 20% em 2024.
Se a inflacionária pressão continuar a subir devido às tarifas, pode haver um prolongamento das taxas de juros altas no Brasil, impactando negativamente tanto o consumo das famílias quanto o crescimento do PIB. Assim, as expectativas não são animadoras, e acompanhar esses fatores será fundamental para entender os próximos passos da economia brasileira.
Os riscos identificados são:
Essas questões revelam que, mesmo com um 2024 positivo, 2025 apresenta desafios que poderão afetar profundamente a economia brasileira.
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