Nós, os humanos modernos, habitamos permanentemente todos os continentes do planeta, exceto a Antártica. Embora pareça que estivemos sempre aqui, nossa jornada evolutiva começou na África há aproximadamente 300.000 anos. Isso nos leva a uma questão intrigante: quando e como os humanos conquistaram cada canto da Terra? Embora não tenhamos registros abrangentes de cada migração, a arqueologia fornece pistas valiosas sobre as épocas e as rotas utilizadas. Vamos explorar essa trajetória histórica.
Os estudos atuais confirmam que o ser humano surgiu na África de um ancestral primata, antes de se dispersar pelo mundo, substituindo ou se cruzando com outros hominínios do gênero Homo. Embora existam teorias alternativas que sugerem que os humanos evoluíram na Europa ou em diferentes regiões ao mesmo tempo, essas ideias não são amplamente aceitas. Os Homo sapiens começaram seu êxodo da África há cerca de 200.000 anos, aproximadamente 100.000 anos após sua evolução inicial. E qual foi nosso primeiro destino? A Ásia.
Os humanos se dispersaram, em primeiro lugar, para o leste do Mediterrâneo, provavelmente atravessando o Sinai entre Egito, Jordânia e Israel. Hoje considerado um deserto, o local era muito mais verde em épocas passadas. Com o tempo, várias ondas migratórias se estabeleceram nas costas da Ásia e avançaram para o interior. Entre 54.000 e 44.000 anos atrás, alguns desses humanos se cruzaram com denisovanos, uma espécie humana diversa, contribuindo geneticamente para a população asiática atual.
No continente europeu, os primeiros Homo sapiens identificados foram localizados na Caverna de Apidima, na Grécia, onde foram encontrados fósseis com cerca de 210.000 anos. Contudo, os cientistas acreditam que esses remanescentes pertencem a uma onda migratória primitiva que possivelmente não se estabeleceu, devido a uma glaciação. O primeiro assentamento permanente europeu é estimado entre 50.000 e 60.000 anos atrás, quando ocorreu o acasalamento com os neandertais, resultando no DNA desse ancestral em muitos europeus hoje.
Com base em análises de DNA, acredita-se que os humanos modernos chegaram ao Sudeste Asiático há cerca de 60.000 anos, expandindo-se para as regiões que se tornariam Sunda e Sahul, correspondendo ao sudeste asiático e à Austrália, respectivamente. Naquela época, essas áreas eram compostas por terra firme, permitindo fácil locomoção. Na Nova Guiné, encontram-se vestígios de ocupação humana datados de 50.000 anos atrás. A partir desse ponto, os humanos começaram a se espalhar pelas ilhas do Pacífico cerca de 3.000 anos depois e para a Polinésia, há aproximadamente 1.500 anos.
A teoria mais aceita sobre a migração para a América do Norte sugere que os povos paleo-indígenas chegaram há 13.000 anos pela Sibéria, cruzando a ponte terrestre da Beríngia, que ligava a Rússia ao Alasca atual. No entanto, foram descobertas evidências de assentamentos pré-Clóvis, que datam de cerca de 23.000 anos no Novo México, indicando que nossos ancestrais podem ter chegado antes pela mesma rota, possivelmente contornando a costa do Pacífico.
Após sua chegada ao norte da América, os humanos migraram para a América Central e do Sul há aproximadamente 15.000 anos, de acordo com evidências arqueológicas. No sítio de Monte Verde II, no sul do Chile, foram encontrados vestígios de ocupação datados de 14.550 anos, embora a precisão dessas datas ainda seja alvo de debates científicos.
A Antártica, por sua vez, não possui uma população humana permanente, recebendo equipes científicas por períodos limitados. No entanto, é sabido que os primeiros humanos chegaram ao continente em 1821, quando o explorador John Davis é geralmente creditado como o primeiro a ter alcançado a região, embora existam controvérsias sobre esse relato. É possível que os primeiros a explorar a área tenham sido o empresário norueguês Henrik Bull ou o explorador norueguês Carsten Borchgrevink, ambos em 1895. Além disso, uma teoria menos aceita sugere que os povos maori da Nova Zelândia possam ter chegado à Antártica no século VII.