Uma descoberta inusitada ocorreu em 2016, quando o urologista David Wartinger chamou a atenção do mundo ao afirmar que andar na montanha-russa Big Thunder Mountain, no parque Walt Disney World, poderia ajudar na eliminação de pedras nos rins.
A teoria rapidamente ganhou popularidade, interessando tanto pacientes quanto o público geral, levando muitos a tentarem validar a ideia por conta própria. Contudo, por trás dessa afirmação singular, existem nuances que merecem ser exploradas.
O urologista, que é professor emérito na Universidade Estadual de Michigan, observou que vários de seus pacientes relataram ter expelido cálculos renais logo após experimentarem a montanha-russa. Um dos relatos mais impressionantes incluía um paciente que eliminou três pedras diferentes após várias voltas no brinquedo.
Intrigado com essa correlação, Wartinger decidiu conduzir um experimento mais controlado. Insatisfeito em utilizar seres humanos, ele criou um modelo 3D de um rim humano contendo cálculos renais reais e, então, fez 20 passeios na atração.
Os resultados foram notáveis: a taxa de sucesso para eliminação dos cálculos aumentou significativamente quando o modelo ficava no último vagão, atingindo 64%. Em contrastes, a mesma taxa despencava para 16% quando o modelo estava nos primeiros vagões. Isso sugere que a intensidade da vibração e do movimento do brinquedo poderia auxiliar na expulsão de pequenos cálculos renais.
Após a divulgação do estudo, Wartinger participou de várias entrevistas que ampliaram a discussão. Ele chegou a sugerir que indivíduos saudáveis com pedras nos rins considerassem experimentar a Big Thunder Mountain, desde que respeitassem as diretrizes de segurança da atração.
No entanto, especialistas alertam que a proposta carece de uma base científica sólida para ser adotada como uma recomendação médica. O estudo de Wartinger foi restrito e não se aprofundou em um ensaio clínico mais abrangente. Além do mais, os cálculos renais variam em tamanho e composição, e pedras maiores poderiam causar dores severas durante o impacto da montanha-russa, tornando a prática arriscada.
Outros médicos na área reforçam que, embora a ideia seja intrigante, a experiência de Wartinger serve meramente como uma possibilidade e não deve substituir tratamentos convencionais, como o uso de medicamentos ou a litotripsia, uma técnica que utiliza ondas de choque para fragmentar os cálculos.
Pesquisas recentes indicam que movimentos bruscos podem potencialmente ajudar na eliminação de pequenos cálculos, com especial atenção para aqueles abaixo de 5 mm. No entanto, a suposição de que um passeio em uma montanha-russa pode ser um método confiável continua sem evidências científicas mais robustas.
Até agora, nenhum estudo adicional corroborou a teoria de Wartinger. Assim, apesar de ser uma descoberta curiosa, a chamada "terapia de montanha-russa" não passa de uma curiosidade científica.
A abordagem convencional para lidar com cálculos renais inclui uma hidratação adequada, medicação para alívio da dor e, em situações mais sérias, intervenções cirúrgicas. Portanto, enquanto novas pesquisas não forem realizadas, um passeio na Disney não pode ser considerado um tratamento legítimo para pedras nos rins.