O Espírito Santo, conhecido por sua rica biodiversidade, enfrenta um desafio ambiental alarmante. Recentemente, na Praia de Guriri, localizada na cidade de São Mateus, foram encontrados lixos oriundos de países distantes, como China, Venezuela e Emirados Árabes Unidos.
Durante uma caminhada turística, o fotógrafo e ativista ambiental Lucas Knupp e seu amigo José Luiz Zouain descobriram vários itens descartados na areia. “No final da tarde, começamos a achar muito lixo. A maré subiu mais cedo e encontramos frascos de óleo, material de pesca, entre outros,” relatou Lucas. A presença de resíduos de países a mais de 14 mil quilômetros de distância chamou sua atenção, ressaltando o problema crescente da poluição marítima.
Lucas, natural de Manhuaçu (MG) e morador do Espírito Santo há cinco anos, comentou que o lixo encontrado não é uma novidade. O local onde os resíduos foram achados é uma área de desova de tartarugas, marcada por placas do Projeto Tamar, o que torna a situação ainda mais preocupante. Ele mencionou ter recolhido cerca de 70 quilos de lixo em apenas dois quilômetros de praia.
Comprovando a gravidade da situação, um estudo divulgado pela Expedição Ondas Limpas identificou que 91% dos resíduos encontrados em 306 praias brasileiras eram plásticos. Desses, 61% eram de uso único, como copos e garrafas descartáveis; 22% eram fragmentos de plásticos de brinquedos e utensílios domésticos; e 17% provinham de apetrechos de pesca, como linhas de nylon, que também estiveram entre os itens coletados em Guriri.
Em relação aos materiais internacionais encontrados, o Espírito Santo é o 10º estado com maior concentração de microplásticos no Brasil. A cidade de Conceição da Barra, também localizada no norte do estado, destaca-se entre as que mais acumulam resíduos por metro quadrado.
Estudos recentes mostraram que as praias brasileiras estão cada vez mais afetadas pelo lixo que chega pelas correntes marítimas. Somente em São Paulo, a quantidade de lixo internacional nas praias aumentou 500% em cinco anos, segundo levantamento da ONG Ecologia em Movimento.
Essa questão exige atenção urgente das autoridades, uma vez que o descarte irregular em alto-mar se torna uma prática mais comum. Lucas Knupp expressou sua preocupação: “É uma prática criminosa que deve ser investigada.”
A prefeitura de São Mateus foi contatada para comentar sobre as ações de limpeza e mitigação dos impactos do lixo nas praias, mas não havia fornecido uma resposta até o fechamento deste artigo. A questão sobre o lixo e o descaso com o meio ambiente continua a ser uma preocupação constante não só no Espírito Santo, mas em todo o Brasil.
Em suma, a situação das praias capixabas reflete um problema mais amplo que envolve e impacta diretamente o meio ambiente. O que deveria ser um momento de descanso e lazer se transforma em um alerta sobre a importância de proteger nossos ecossistemas.