A inflação dos alimentos se tornou um obstáculo significativo para a administração do presidente Lula, que enfrenta desafios em sua popularidade. Recentemente, o governo federal anunciou um conjunto de medidas para controlar essa inflação, com foco na redução dos preços dos alimentos. Entre as ações divulgadas na última quinta-feira, destacam-se a isenção de impostos de importação sobre diversos produtos alimentares e um forte investimento na agricultura.
Itens como carnes, açúcar, café e azeite terão a taxa de importação zerada, conforme informaram as autoridades. O vice-presidente Geraldo Alckmin ressaltou que a prioridade do Plano Safra será a produção de itens da cesta básica, além de um esforço para fortalecer os estoques públicos de alimentos. Essas iniciativas têm como objetivo implementar melhorias em um setor que, atualmente, reflete um aumento de preços considerável.
Segundo Alckmin, o governo espera que essas medidas comecem a surtir efeito em breve. A economia, e a pressão sobre os preços dos alimentos, vêm se revelando como um verdadeiro ponto crítico para a administração Lula, especialmente em um contexto onde sua popularidade tem sido afetada.
No ano anterior, a inflação dos alimentos alcançou um aumento de 7,69%, significativamente superior aos 4,83% registrados para a inflação geral, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os produtos que mais contribuíram para essa alta foram o café (com aumento de 39,6%), o óleo de soja (29,2%), as carnes (20,8%) e o leite longa vida (18,8%).
As medidas foram anunciadas após uma reunião entre Alckmin, o presidente Lula e outros ministros-chave, como Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar). "Estas são ações voltadas para a redução de preços, visando beneficiar os cidadãos e garantir maior poder de compra, além de uma cesta básica a preços justos", afirmou Alckmin durante a coletiva de imprensa.
Contudo, especialistas como o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), alertam que as medidas para conter a inflação dos alimentos exigem um planejamento mais robusto e de longo prazo. Braz explicou em entrevista que não há uma solução instantânea para o barateamento dos preços, que requer políticas eficazes em diversos setores. Defendeu também que a estabilização das tarifas de importação, uma das principais estratégias anunciadas, pode ter um impacto mais imediato, desde que haja apoio a agricultores locais.
Aposta 1: Zero de Impostos de Importação
O governo tomou a decisão de isentar os impostos de importação sobre produtos como azeite (com taxa original de 9%), milho (7,2%), óleo de girassol (até 9%), sardinha (32%), biscoitos (16,2%), macarrão (14,4%), café (9%), carnes (até 10,8%) e açúcar (até 14%). Alckmin explicou que, "o governo está abrindo mão de arrecadação para favorecer a redução dos preços".
Durante a coletiva, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, acrescentou que a isenção de impostos se aplica a produtos que têm um volume de importação reduzido devido à alta tributação existente. Mello ainda comentou que, embora o impacto na arrecadação possa não ser tão significativo, espera-se que os consumidores sintam a diferença.
Aposta 2: Fomento à Produção Nacional
Outro foco do governo é garantir que a oferta de alimentos no Brasil, reconhecido como um dos principais produtores agrícolas do mundo, aumente. Para isso, o Plano Safra será direcionado para estimular a produção de itens essenciais. O ministro Paulo Teixeira informou que estudam-se maneiras, como a diminuição de juros, para fomentar a produção desses alimentos através do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
Além disso, o governo planeja aumentar a capacidade operacional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e assegurar que as misturas nos combustíveis não encareçam ainda mais o transporte. A mistura de 14% de biodiesel no diesel será mantida, assim como 27,5% de etanol na gasolina.
Aposta 3: Introdução de Certificações
Uma nova iniciativa é a criação do selo "Empresa Amiga do Consumidor", que pretende identificar supermercados e empresas que oferecem preços equilibrados para a cesta básica. Além disso, o governo estendeu por um ano, para todo o país, a venda de produtos que já passaram por certificação sanitária em algum município, beneficiando itens como leite, mel e ovos. O objetivo também é aumentar a adesão de municípios ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi).
Essas ações refletem um esforço concentrado do governo para mitigar a inflação que impacta diretamente o bolso do brasileiro. A expectativa é que, com a implementação dessas medidas, a acessibilidade aos alimentos essenciais melhore. A sociedade aguarda para ver os efeitos práticos dessas políticas a curto e médio prazo, e os resultados poderão ser sentidos na próxima coleta de dados a respeito da inflação.