A expectativa em torno do novo álbum de Lady Gaga, intitulado "Mayhem", cresceu consideravelmente após o lançamento dos singles "Disease" e "Abracadabra". As canções, que prometiam um retorno triunfal da artista, geraram uma expectativa ainda maior entre os fãs, especialmente aqueles que ainda não superaram o auge de sua carreira.
A música "Abracadabra", em particular, tem se destacado como um pop dançante monumental, rivalizando até mesmo com o icônico "Bad Romance". Chegou ao ponto de ganhar uma versão em forró, intitulada "Abracachaça", que se tornou um sucesso durante o carnaval deste ano.
No entanto, com o lançamento do álbum completo nesta sexta-feira (7), surge uma notícia que altera as expectativas: a Lady Gaga que se apresentará no Brasil em maio, durante um show gratuito na Praia de Copacabana, se revela um pouco menos impactante do que muitos esperavam.
Com o lançamento de "Mayhem", muitos fãs aguardavam hinos grandiosos, refrões poderosos e uma atmosfera repleta de teatralidade. A expectativa era que o disco refletisse a palavra "mayhem" (caos, em inglês), indicando uma experiência musical caótica e contemporânea, sem esquecer as raízes do dark pop que marcaram a carreira da artista.
Este novo projeto representa o sétimo álbum solo de Gaga, considerando apenas seus álbuns de estúdio com músicas inéditas. "Mayhem" celebra o retorno ao estilo que a catapultou à fama com o álbum "The Fame", lançado em 2008 e relançado um ano depois como "The Fame Monster".
Lady Gaga começou sua trajetória artística rompendo com o minimalismo e trazendo uma estética exuberante e ousada à música pop, tornando-se a "celebridade perfeita" em sua época, famosa por suas aparições icônicas, como a estreia no Grammy vestida de ovo e a polêmica roupa feita de carne no VMA.
Após um período de exploração musical que incluiu incursões no jazz, country e folk, Lady Gaga fez seu retorno ao universo pop. Apesar de seu desempenho notável em "Coringa: Delírio a Dois", o álbum complementar "Harlequin" acabou se tornando o menos vendido de sua carreira.
Com "Mayhem", a artista resgata o dark pop, mas faz isso dentro de uma nova proposta sonora. O álbum conta com 14 faixas que trazem forte inspiração de referências musicais dos anos 70 e 80, mesclando o power-pop punk da banda Blondie a elementos do vocal dançante de Michael Jackson, numa combinação que promete agitar os fãs.
Algumas músicas, como "Zombieboy", são despretensiosas e divertidas, enquanto outras, como "Shadow of a man", evocam o legado de Jackson, mostrando que a artista ainda conserva seu brilho através de sonoridades nostálgicas. A faixa "Killah", uma colaboração com o DJ francês Gesaffelstein, é destacada como uma das melhores do disco, unindo a sensualidade de Prince ao desespero característico de Gaga.
A canção "Vanish into you", por exemplo, lembra algumas das faixas mais marcantes de "Born This Way", o álbum de 2011 que se tornou um marco. Com um refrão forte e uma batida funk, é inegável que essa faixa irá ressoar positivamente durante suas apresentações ao vivo.
Contudo, há momentos em "Mayhem" em que a nostalgia parece pesar, como em "How bad do u want me", que se inspira na clássica canção "Only you" da dupla britânica Yazoo. A produção, repleta de sintetizadores, apresenta uma batida genérica que poderia facilmente se encaixar em qualquer pop dos anos 80, até lembrando o estilo de Taylor Swift.
Músicas como "Blade of grass" parecem apenas transitar por temas recorrentes, servindo como ponte para o megahit "Die with a smile", que em colaboração com Bruno Mars, já é um sucesso estrondoso no Spotify, figurando por 28 semanas como uma das mais tocadas.
Faixas como "The beast" revivem a essência de Michael Jackson, mas não conseguem se destacar devido a arranjos consideravelmente suaves. Além disso, a letra de "LoveDrug" repete fórmulas já usadas em "Disease", abordando temas de amor e vício de forma clichê.
No geral, "Mayhem" não pode ser classificado como um álbum ruim. Muito pelo contrário, suas referências contribuem com momentos de destaque. No entanto, a produção se mostra um pouco comedida para uma artista que é, reconhecidamente, uma das mais ousadas da cena pop. Os fãs, que esperavam uma experiência mais intensa e disruptiva, encontrarão uma Lady Gaga que, embora ainda criativa, pareça menos alienígena, quase um "monstrinho" mais comportado.
Por fim, o que se observa é que a artista, apesar de voltar aos holofotes, apresenta um projeto que, sem dúvida, possui suas qualidades, mas que não atende à crescente sede dos fãs por um artefato musical verdadeiramente arrasador. O lançamento de "Mayhem" deixa em aberto a questão: até onde Lady Gaga pode ir em sua reinvenção musical? Fica o convite para os admiradores interagirem e compartilharem suas opiniões sobre este álbum que promete dividir opiniões.