O Carnaval de Salvador, que celebrou os 40 anos de axé music, não ficou marcado apenas pela música e alegria, mas também por uma série de conflitos entre artistas, a prefeitura da cidade e até com o público. A festa, que atrai foliões de diversas partes, foi retratada pelo g1 com equipes nas principais áreas do evento e transmissões de desfiles.
A madrugada de terça-feira (4) foi palco do maior desentendimento do Carnaval de Salvador em 2025, envolvendo os artistas Daniela Mercury e Tony Salles. A discussão ocorreu por volta da 1h da manhã, durante o percurso Dodô (Barra-Ondina), quando Daniela percebeu que o trio de Tony estava muito próximo. Ambos comandavam trios para os foliões da pipoca.
“Muito feio encostar na gente assim, viu? Carnaval não pode ser assim, não, viu, Tony? Respeite que não sou moleca, rapaz. Ficou feio, viu, bicho”, declarou Daniela, expressando sua indignação.
Em resposta, Tony Salles se explicou ao público, sem mencionar Daniela diretamente. Ele argumentou que os desfiles sofreram atrasos na saída na Barra e que ainda tinha um show marcado em um camarote. “O tiro precisa andar. Foi feito para andar. A gente precisa se respeitar, não é porque sou uma banda de pagode, que sou periférico, suburbano, que é para me desrespeitar”, rebateu.
No dia seguinte, no circuito Osmar (Campo Grande), Daniela continuou a sua apresentação e alfinetou novamente o marido de Scheila Carvalho. “Hoje ele sai vestido de mulher, quem sabe ele pede desculpa para a cantora aqui”, ironizou, ao se referir ao bloco “As Muquiranas”, que conta apenas com homens vestidos de mulher. De forma bem-humorada, Tony usou o palco para pedir desculpa a Daniela: “Eu te amo, Dani. Aprendi com minha mãe que se chama respeito. Ela merece aplausos e nada mais que isso. Te amamos”.
Além das trocas de farpas entre os artistas, a pipoca Doce, conduzida por Carla Perez, também teve seu momento de tensão. Durante a apresentação no domingo (2), a artista fez uma advertência aos pais que traziam crianças: “Parece que os pais são mais desobedientes que os filhos”, comentou, pedindo que todos parassem de soltar espuma, que poderia machucar as crianças.
A banda Olodum também se posicionou em meio a polêmicas. Emitiu uma nota de repúdio contra Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), que alegou que a banda teria provocado atrasos nos desfiles do circuito Dodô. “A afirmação não condiz com a realidade e não se sustenta em dados oficiais”, disse o Olodum em comunicado. A banda afirmou que cumpriu rigorosamente os horários acordados com a Saltur, que organiza o Carnaval, mas a gestão municipal não respondeu.
As tensões começaram antes mesmo do Carnaval oficial, com reclamações dos fãs do BaianaSystem sobre o horário previsto para o desfile do Navio Pirata, marcado para 23h50. O vocalista Russo Passapusso acolheu as críticas e a prefeitura ajustou o horário para 22h, no entanto, a ordem dos desfiles acabou mudando na prática. Isaac Edington comentou: “Nós negociamos com alguns artistas, todos na fila, pra que ele [o BaianaSystem] saísse mais cedo. A questão é que eles próprios não ficaram prontos para sair no horário que a gente gostaria e acabou atrasando”. Em meio a esse imbróglio, o grupo É O Tchan decidiu cancelar sua participação no evento, embora Edington tenha afirmado que essa decisão não estava relacionada ao atraso do Navio Pirata.
O Carnaval de Salvador 2025, portanto, foi um evento marcado não só pela festa, mas também pelas interações intensas entre artistas e a organização. Que venha o próximo ano, com mais música e menos confusão!