No dia em que deve apresentar sua defesa a respeito das acusações formuladas pela Procuradoria-Geral da República, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu compartilhar em suas redes sociais um áudio de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. Este áudio traz comentários de Cid sobre sua colaboração com a Polícia Federal, e segundo Bolsonaro, a gravação revela que 'Mauro Cid declara em áudio que foi pressionado a concordar com a narrativa da PF ou perderia o acordo como delator.'
A estratégia principal da defesa de Bolsonaro visa questionar a validade da delação de Mauro Cid, que participou de 14 depoimentos no contexto da colaboração premiada. Os aliados de Bolsonaro sustentam que o ex-ajudante foi coagido a prestar declarações que corroborassem a narrativa da investigação, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. A denúncia feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, não se baseia apenas em mensagens e documentos, mas também recai sobre os depoimentos de Cid e de outras testemunhas.
O áudio compartilhado por Bolsonaro foi inicialmente divulgado pela revista 'Veja' em março de 2024. Na gravação, Mauro Cid critica a atuação da Polícia Federal e do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele declara: 'Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo.' Cid complementa sua crítica ao afirmar, 'Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam que confirmasse a narrativa deles.'
Após a divulgação desses áudios, Mauro Cid foi preso novamente, em 22 de março de 2024, por determinação de Alexandre de Moraes. Ele foi liberado cerca de um mês e meio depois, em 3 de maio, sob a mesma autoridade, que manteve o acordo de delação. Ao STF, Cid qualificou o áudio como um 'desabafo em momento ruim'. Importante frisar que o prazo para a apresentação da defesa de Mauro Cid referente à acusação se encerra nesta quinta-feira, 6. Os advogados do militar foram contatados, mas optaram por não se pronunciar sobre o caso.