No último pregão da sexta-feira (28/2), o dólar apresentou uma alta de 1,5%, encerrando o dia cotado a R$ 5,916, o maior valor registrado em um mês. O dólar, nesta quarta-feira (5/3), começou o dia apresentando uma forte queda, impulsionada pelos recentes anúncios de tarifas comerciais feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Por volta das 15h52, a moeda norte-americana se desvalorizava 2,43%, sendo negociada a R$ 5,773. Durante a tarde, a cotação do dólar alcançou uma redução de 1,94%, negociada a R$ 5,802. O nível máximo registrado no dia foi de R$ 5,847, enquanto a mínima foi de R$ 5,77. Em fevereiro, o dólar acumulou uma alta de 1,35%, mas, ao longo de 2025, a desvalorização totalizada é de 4,26%.
O mercado financeiro está especialmente atento às repercussões do novo “tarifaço” anunciado por Trump. Ele decidiu impor uma tarifa extra de 25% sobre todas as importações provenientes do Canadá e do México, com exceção da energia canadense, que terá uma tarifa de 10%. Para a China, o percentual imposto será de 20%, abrangendo aproximadamente US$ 1,5 trilhão em importações anuais. Essa estratégia visa fortalecer a indústria americana, ajustar as relações comerciais e aumentar a arrecadação do governo.
Em resposta imediata ao anúncio de Trump, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, estabeleceu tarifas recíprocas de 25% sobre produtos americanos, começando com taxas sobre US$ 21 bilhões. O governo da China também reagiu rapidamente, anunciando tarifas adicionais de 10% a 15% sobre produtos agrícolas e alimentícios dos EUA, que entrarão em vigor no dia 10 de março. Essas movimentações configuram um novo passo na crescente tensão comercial entre essas nações, envolvendo também o México. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, expressou: "não há justificativa para a decisão do presidente Trump de impor uma tarifa de 25% sobre produtos do México" e indicou que o país responderá com restrições e taxas mais altas.
Ainda assim, apesar das incertezas decorrentes da guerra comercial, investidores reagiram positivamente ao comentário do secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que afirmou que o governo está considerando um acordo com o México e o Canadá para mitigar as tarifas. Lutnick destacou: "Tanto os mexicanos quanto os canadenses ficaram o dia todo no telefone comigo tentando mostrar que vão melhorar, e o presidente Trump está ouvindo".
Na terça-feira (4/3), Trump também fez um discurso ao Congresso dos EUA, onde criticou especificamente o Brasil e outros países que, segundo ele, têm prejudicado os interesses comerciais americanos. Ele mencionou a União Europeia, a Índia, a Coreia do Sul, o México e o Canadá, reiterando sua intenção de implementar tarifas recíprocas a partir do dia 2 de abril. Trump afirmou: "Esse sistema não é justo para os EUA, e nunca foi. Se nos taxarem, vamos taxá-los, é simples". Ele citou que países como União Europeia, China, Brasil e Índia cobram tarifas bem mais altas.
No cenário interno, os investidores estão na expectativa de novos nomes para o primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A confirmação de que a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT, irá assumir a Secretaria das Relações Institucionais, gerou reações negativas no mercado, visto que ela substituirá Alexandre Padilha, que assumirá o Ministério da Saúde após a saída de Nísia Trindade. Além disso, há especulações sobre a possível nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência, substituindo Márcio Macêdo, que deve deixar o cargo. Boulos já enfrentou considerável resistência por parte do mercado por ser visto como um representante de esquerda radical.
Na Bolsa de Valores do Brasil (B3), o índice Ibovespa estava apresentando alta nesta quarta-feira, subindo 0,16% e alcançando 122,9 mil pontos até as 15h45. No pregão anterior, o índice havia fechado em forte queda de 1,6%, nos 122,8 mil pontos. Em fevereiro, o Ibovespa acumulou perdas de 2,64%, mas até agora, no ano de 2025, o índice conta com um aumento de 2,09%.