No fascinante fenômeno da partenogênese, diversas fêmeas de animais conseguem se reproduzir sem a necessidade da presença de um macho. Essa forma de reprodução assexuada é especialmente útil em situações em que a procriação é necessária, embora envolva desafios relacionados a fatores genéticos. Mas como esse processo se dá? E será que os humanos teriam a capacidade de reproduzir-se dessa forma?
O termo 'partenogênese' origina-se das palavras gregas parthenos, que significa 'virgem', e genesis, que se refere a 'nascimento'. Vale destacar que a reprodução hermafrodita, na qual um animal possui tanto órgãos reprodutivos masculinos quanto femininos que permitem a autofecundação, não é equivalente à partenogênese. Este fenômeno foi identificado no século XVIII pelo biólogo suíço Charles Bonnet, que o demonstrou utilizando pulgões.
Diversas espécies são capazes de reproduzir-se dessa maneira, incluindo plantas, insetos, peixes, répteis e até algumas aves. Muitos organismos microscópicos, como as pulgas-d’água, também utilizam a partenogênese. Em relação aos mamíferos, como os humanos, a presença de genes contidos nos espermatozoides é crucial para o desenvolvimento adequado, o que impossibilita essa forma de reprodução nesse grupo animal.
A maioria dos animais se reproduz através da combinação de óvulos e espermatozoides, caracterizando o que chamamos de reprodução sexuada. Naquelas espécies que utilizam a partenogênese, os óvulos gerados contêm toda a informação genética necessária para a reprodução. Em algumas vespas, crustáceos e lagartos, a reprodução por meio da partenogênese é obrigatória, isto é, as fêmeas somente trazem à luz filhotes dessa forma.
Em outras espécies, a reprodução por partenogênese é uma alternativa que pode ocorrer, especialmente observada em zoológicos. Nesse caso, é conhecida como partenogênese espontânea, tendo sido registrada em tubarões e lagartos, como o dragão-d’água-chinês.
Para se reproduzir dessa maneira, as fêmeas precisam passar pelo processo de oogênese, onde produzem óvulos sem a necessidade da fertilização. Esses óvulos, então, devem desenvolver-se de maneira autônoma, formando um embrião primitivo que mais tarde se tornará um novo organismo.
Nos animais que são capazes de reproduzir-se tanto pela via sexuada quanto pela partenogênese, os cientistas supõem que fatores ambientais, como a predação e a superpopulação, possam levar as fêmeas a optar pela reprodução sexuada, uma alternativa que promove maior variabilidade genética, melhorando, assim, as chances de adaptação e sobrevivência das espécies.
Entre as vantagens da reprodução assexuada, destaca-se o fato de que as fêmeas podem gerar seus próprios parceiros. Essa forma de endogamia pode, em alguns casos, resultar em problemas genéticos; no entanto, em termos evolutivos, pode ser preferível em relação à completa ausência de filhotes, evitando assim a extinção da espécie. Nas espécies onde o sexo é definido por cromossomos (como XX e XY), todos os filhotes são clones da mãe, mantendo-se como XX.
Em animais nos quais as fêmeas têm cromossomos ZW, os filhotes podem ser ZZ (machos) ou WW (fêmeas), sendo essa última configuração bastante rara. Um exemplo notável é o de uma cobra no Zoológico de Phoenix, nos Estados Unidos, que conseguiu produzir machos por meio da partenogênese, o que sugere que essa forma de reprodução pode ser mais comum na natureza do que se imaginava. Contudo, nem tudo é positivo.
Para as espécies que obrigatoriamente dependem da partenogênese, pesquisas indicaram que os indivíduos nascidos desta forma frequentemente enfrentam altas taxas de mortalidade devido a doenças, parasitas ou alterações em seu habitat. A endogamia resulta na limitação da variabilidade genética e mutações, levando a consequências desfavoráveis que se disseminam por toda a população.
Quando um fator prejudicial atinge um indivíduo, geralmente afeta toda a população, comprometendo a biodiversidade e a capacidade evolutiva da espécie, que pode facilmente se colocar em risco de extinção. Cientistas continuam a investigar esse fenômeno, visando entender se espécies que conseguem se reproduzir por partenogênese e pela reprodução sexuada podem utilizar esta última opção esporadicamente, propiciando a sobrevivência ao longo do tempo.