Tensão entre Trump e Zelensky na Casa Branca

No último dia 28, a Casa Branca foi palco de uma discussão acalorada entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o vice-presidente JD Vance e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A reunião no Salão Oval tinha como objetivo discutir um potencial acordo sobre a participação dos EUA na indústria mineral da Ucrânia.

A conversa, que inicialmente parecia amigável, tomou um rumo tenso com críticas e questionamentos mútuos. JD Vance comentou que "o caminho para a paz e o caminho para a prosperidade talvez seja o engajamento na diplomacia", aproveitando para criticar o ex-presidente Joe Biden, ressaltando sua abordagem, que, segundo ele, buscou vantagens retóricas ao invés de soluções reais.

“De que tipo de diplomacia, JD, você está falando? O que quer dizer?”, replicou Zelensky, ao tentar entender a posição do vice-presidente enquanto falava sobre a relação da Ucrânia com a Rússia e os desafios enfrentados desde a anexação da Crimeia em 2014. A situação esquentou quando Vance acusou Zelensky de ser "desrespeitoso" ao questionar a experiência do vice-presidente na Ucrânia.

Zelensky, firme, provocou: "Você já esteve na Ucrânia? Você viu os problemas que temos? Venha uma vez". Vance, por outro lado, respondeu que tinha conhecimento das questões enfrentadas, mas não hesitou em criticar o papel de Zelensky, insinuando que ele estava utilizando a situação para fins de propaganda.

O clima tenso se intensificou quando Trump, que até então permanecia em silêncio, interveio. "Você não sabe disso. Não nos diga o que vamos sentir. Estamos tentando resolver um problema", afirmou o presidente americano, ressaltando a gravidade da guerra em curso e a importância de Zelensky agir rapidamente para evitar maiores consequências.

“Você está apostando com a vida de milhões de pessoas. Você está jogando com a Terceira Guerra Mundial”, acusou Trump, enfatizando a necessidade de Zelensky reconhecer a ajuda dos EUA e que seu país estava em uma situação crítica. O tom da conversa permaneceu ácido, enquanto Zelensky tentava expressar a gravidade da condição da Ucrânia.

Zelensky reconheceu os problemas enfrentados: "Todo mundo tem problemas, até você. Mas você tem um lindo oceano e não o sente agora. Mas você o sentirá no futuro", numa tentativa de destacar a pressão e os perigos que seu país enfrenta.

A discussão continuou por aproximadamente sete minutos, marcada por um clima de cobrança e frustração. Quando a conversa esfriou, uma repórter questionou Trump sobre o que aconteceria se a Rússia rompesse o cessar-fogo. Ele respondeu que é respeitado por Putin e revelou que estava esperando pelo momento certo para a paz.

Trump também mencionou que achou a reunião "significativa", mas sentiu que Zelensky não estava verdadeiramente "pronto para a paz". Em sua rede social, Truth Social, ele declarou que percebeu que a presença dos EUA no conflito estava sendo vista como uma vantagem nas negociações por parte do presidente ucraniano. "Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu querido Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", escreveu Trump.

Após os desentendimentos, a coletiva de imprensa programada para a tarde foi cancelada, e Zelensky deixou a Casa Branca antes do previsto. Não está claro se essa decisão foi tomada por ele ou se foi uma solicitação de Trump.