O México iniciou, nesta quinta-feira (27), a entrega de importantes figuras do narcotráfico às autoridades dos Estados Unidos, em uma ação surpreendente que envolve quase 30 indivíduos condenados ou acusados de vínculos com cartéis de drogas violentos. Segundo confirmação da Procuradoria-Geral e do Ministério da Segurança do México, 29 supostos membros de cartéis foram extraditados. Esta decisão acontece em um contexto de ameaças do presidente americano, Donald Trump, de implementar tarifas sobre produtos mexicanos.
A Reuters foi a primeira a relatar esta operação, considerada a mais significativa do México em anos. O comunicado oficial das autoridades mexicanas não revelou os nomes dos extraditados. No entanto, fontes próximas ao caso informaram que entre os extraditados se encontra Rafael Caro Quintero, um veterano líder de cartel que cumpre pena por envolvimento no assassinato de um agente americano em 1985.
A escalada nas tarifas por parte de Trump também afeta aliados comerciais dos EUA. Em meio a estas tensões, o papa Francisco comunicou que sua saúde está melhorando lentamente, segundo informações do Vaticano, e Trump decidiu encerrar o acordo dos EUA com a Venezuela relacionado ao petróleo.
A lista de extraditados também inclui Antonio Oseguera Cervantes, irmão do traficante mais procurado do México, conhecido como Nemesio Oseguera Cervantes, líder do Cartel da Nova Geração de Jalisco. Segundo dados de autoridades americanas, o México extraditou uma média de 65 suspeitos por ano para os EUA entre 2019 e 2023. Caro Quintero já está a caminho de Nova York, onde deve chegar na mesma noite da extradição.
Analistas interpretam as recentes extradições como uma tentativa do governo mexicano de agradar a Trump, antes de negociações comerciais cruciais. O presidente dos EUA planeja impor uma tarifa de 25% sobre todos os produtos vindos do México a partir de 4 de março, alegando que o país não tem avançado suficientemente na redução de mortes relacionadas ao fentanil e nos fluxos migratórios.
Uma fonte que acompanha o tema expressou que a extradição em massa é um sinal de “boa fé” por parte do México. Rafael Caro Quintero, por exemplo, é um alvo procurado há muito tempo pelas autoridades dos EUA. Com 72 anos, ele foi cofundador do Cartel de Guadalajara, uma das organizações mais poderosas da América Latina na sua época. O traficante ficou 28 anos preso devido ao brutal assassinato e tortura do ex-agente da Administração de Combate às Drogas dos Estados Unidos (DEA), Enrique “Kiki” Camarena, caso que se tornou emblemático nas guerras do narcotráfico no México. Caro Quintero nega qualquer envolvimento no assassinato de Camarena e foi liberado em 2013, por decisão de um juiz mexicano, devido a um erro processual; após sua soltura, ele retornou ao tráfico até ser recapturado em 2022.
Nesta mesma quinta-feira, o México extraditou ainda outros dois conhecidos traficantes para os EUA: Miguel Angel Trevino Morales, apelidado de Z-40, e Oscar Omar Trevino Morales, conhecido como Z-42, ambos ex-líderes do cartel Los Zetas. As prisões destes indivíduos ocorreram em 2013 e 2015, respectivamente, pelas forças armadas mexicanas. O advogado que representa os irmãos Trevino, Juan Manuel Delgado, afirmou à Reuters que ainda não havia sido oficialmente informado sobre as extradições. Até o momento, a Casa Branca e o Departamento de Estado dos EUA não se pronunciaram sobre esses acontecimentos.
Essa onda de extradições e o contexto de pressões tarifárias ilustram a complexidade das relações entre o México e os Estados Unidos, além do impacto do narcotráfico nas políticas econômicas e sociais da região. O que você acha sobre essa situação? Compartilhe seu pensamento nos comentários!