Recentemente, o aumento dos preços do café no Brasil levou ao surgimento de produtos falsificados, conhecidos como 'cafés fakes' ou 'cafakes'. Esses itens, vendidos como cafés puros, contêm misturas de grãos, como palha, milho torrado, cevada, centeio, e até mesmo substâncias como amidos e argila, visando reduzir custos e aumentar o volume.
A legislação brasileira anuncia que é permitido até 1% de impurezas naturais, mas a adição intencional de outros componentes configura crime e compromete a qualidade e segurança da bebida, acarretando riscos à saúde dos consumidores. O consumo excessivo de café adulterado pode resultar em problemas gastrointestinais, intoxicações, inchaço e gases.
Além disso, a presença de argila pode expor os consumidores a metais pesados, prejudicando o sistema nervoso, fígado e rins. A nutróloga Gabriela Addor alertou que, “se o produto não possui registro ou informações claras sobre sua composição, o consumidor pode estar ingerindo substâncias desconhecidas que afetam sua saúde.”
Para ajudar na identificação de fraudes, especialistas recomendam realizar testes simples. Um deles consiste em colocar o pó em água fria: se boiar, é um indicado de pureza; se afundar rapidamente, pode ser sinal de adulteração. Além disso, texturas muito finas ou um brilho excessivo podem sugerir a presença de farinhas ou açúcar caramelizado.
Embora o sabor e aroma dos cafés falsificados possam se assemelhar aos cafés autênticos, dificultando a detecção por consumidores desatentos, as embalagens costumam imitar marcas conhecidas. Frases como 'pó para preparo de bebida sabor café' aparecem em letras pequenas, criando confusão. Um exemplo clássico é a marca 'Melissa', que possui cores semelhantes às da embalagem da Melitta, levando o consumidor ao erro.
A nutricionista Mariana Ribeiro esclareceu: “os dois produtos são permitidos. A questão é que a composição deles é diferente, por mais que algumas estratégias publicitárias façam você acreditar que é um produto, enquanto na verdade é outro.” Esses cafés podem ser classificados legalmente como 'mistura para preparo de alimentos' ou 'preparados sólidos', mas nem sempre divulgam suas composições de forma clara.
Para evitar a compra de produtos adulterados, a recomendação é optar por marcas confiáveis e buscar certificação, como o selo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), que assegura que o café passou por testes rigorosos. Outras dicas incluem evitar produtos de preço excessivamente baixo e preferir café em grãos, que possui menor chance de adulteração.
A venda de café falsificado é considerada uma infração grave pelo Código de Defesa do Consumidor, sujeitando os responsáveis a penalidades. Em fevereiro, o governo federal realizou apreensões de produtos suspeitos de serem falsos em fábricas localizadas em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a partir de denúncias sobre fraudes.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confiscou a matéria-prima utilizada e está investigando se os produtos rotulados como 'pó sabor café' atendem à legislação ou configuram fraude. Durante fiscalizações, foram observadas irregularidades, como o uso de cascas e grãos defeituosos, aromatizantes, sem que a polpa do café estivesse presente, embora mencionada nas embalagens.
As empresas, apesar das polêmicas, afirmam que informam em suas embalagens que se tratam de 'pó sabor café', e que possuem autorização da Anvisa. Portanto, é essencial que os consumidores se mantenham informados e atentos às dicas que podem ajudar a identificar esses produtos falsificados, assegurando sua saúde e bem-estar ao consumir café.