Em um painel realizado na última quarta-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, abordou a preocupação crescente com a infiltração do crime organizado em diversos setores da sociedade brasileira. Ele enfatizou que "nós estamos vivendo um momento em que o crime organizado começa a contaminar a política e a economia formal com diferentes mecanismos de lavagem de dinheiro". A declaração foi feita durante uma palestra promovida pelo BTG Pactual.
Barroso destacou a presença de três categorias de criminalidade que são "preocupantes": a criminalidade comum, a criminalidade organizada e a criminalidade institucionalizada. A segurança pública, segundo ele, é uma das questões mais alarmantes que precisam ser discutidas urgentemente.
"Esse é um tema que precisa entrar na agenda brasileira de maneira aflitiva. O crescimento da criminalidade, o aumento do crime organizado, a escalada da violência e o domínio territorial em várias áreas são fatos que devem preocupar todos aqueles que desejam um Brasil melhor e mais seguro", afirmou Barroso.
O presidente do STF também mencionou a "criminalidade institucionalizada", que ele descreveu como aquela que "se instala dentro do Estado com uma cultura tolerante de desvio de recursos". Essa situação desafiadora traz à tona várias problemáticas sociais, entre as quais a educação se destaca como um dos principais fatores que agravam a situação atual.
"A educação continua a ser ainda um problema brasileiro e foi isso que nos atrasou na história", disse Barroso. Ele enfatizou que, sem uma elevação significativa da ética pública e privada no Brasil, o país não conseguirá alcançar um nível de desenvolvimento condizente com suas potencialidades.
A análise de Barroso é um chamado à ação para todos os setores da sociedade. A segurança pública não deve ser vista apenas como uma responsabilidade das autoridades, mas deve ser uma preocupação coletiva que envolva todos os cidadãos e instituições. A colaboração entre o governo, o setor privado, a sociedade civil e a esfera pública é essencial para enfrentar os desafios impostos por esse cenário.
Além disso, especialistas apontam que o fortalecimento das instituições democráticas e a implementação de políticas eficazes são cruciais para combater a corrupção e a infiltração do crime, garantindo assim que a justiça prevaleça. Para que isso ocorra, é imprescindível que o tema da segurança ganhe relevância nas discussões nacionais, configurando-se como uma prioridade diante da complexidade das questões sociais e econômicas que o Brasil enfrenta atualmente.
Em um momento de crescente tensão e desafios, a mensagem de Barroso nos lembra que a luta contra o crime organizado e pela segurança pública deve ser contínua e engajada. "Não há como o Brasil se tornar verdadeiramente desenvolvido sem a elevação da ética pública e da ética privada no país", concluiu o magistrado. Essa reflexão ressalta a necessidade de uma mudança de paradigma na forma como a sociedade e o Estado se relacionam com a construção de um ambiente mais justo e seguro para todos.