No último encontro do comitê do Federal Reserve (Fed), encerrado em 29 de janeiro, a decisão unânime foi de manter a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%. Esta decisão reflete as preocupações recentes sobre o impacto das tarifas de importação, especialmente em relação às políticas propostas pelo presidente Donald Trump.
Na ata da reunião, divulgada recentemente, ficou claro que as propostas iniciais de Trump geraram apreensão entre os integrantes do Fed, que perceberam um aumento nas expectativas de inflação. As empresas, ao se comunicarem com o banco central dos EUA, mencionaram que pretendiam repassar os custos adicionais causados pelas tarifas aos consumidores.
A reunião, ocorrida logo após a posse de Trump em 20 de janeiro, foi marcada por uma análise detalhada das possíveis repercussões de suas políticas comerciais. Os formuladores de políticas econômicas estavam atentos aos riscos de alta para a inflação, e não tanto para o mercado de trabalho. Conforme destacado no documento, "os participantes citavam os efeitos de potenciais mudanças na política de comércio e imigração, além do impacto de desenvolvimentos geopolíticos que poderiam interromper as cadeias de suprimentos".
Apesar da convicção de que as pressões inflacionárias estavam diminuindo, os membros do Fomc alertaram que fatores adicionais poderiam complicar a redução da inflação. Entre esses fatores, as empresas indicaram que tentariam, de fato, repassar os custos mais elevados decorrentes das tarifas, e a percepção de que algumas medidas de expectativas de inflação haviam aumentado foi uma preocupação central.
Durante a reunião, também foi discutido o fato de que as políticas atuais são significativamente menos restritivas comparadas às anteriores. Inclusive, os integrantes do comitê expressaram que havia necessidade de manter as taxas de juros inalteradas até que se confirmasse uma queda confiável da inflação, que desde meados de 2024 mostrava-se estagnada em torno da meta de 2% estabelecida pelo Fed.
Os membros do Fomc apontaram que a atual política monetária lhes dá tempo para observar as condições econômicas, incluindo o mercado de trabalho e as expectativas de inflação, antes de tomarem novas decisões. Eles deixaram claro que, enquanto a economia se mantiver próxima ao pleno emprego, ajustes na meta para a taxa de fundos federais só ocorrerão com maior progressão em direção à meta de inflação.
A reunião também indicou que, nas conversas anteriores, ocorrido em dezembro, o Fed havia ajustado suas previsões para refletir um crescimento econômico mais lento e uma inflação mais elevada. Essa nova perspectiva se baseou nas suposições sobre as ações previstas de Trump, especialmente em relação às tarifas sobre o comércio com o Canadá e o México, que foram discutidas em seus primeiros dias de mandato.
Até o momento, o Fed não acelera a diminuição das taxas de juros, enfatizando que não há pressa até que haja uma maior certeza sobre a redução da inflação para os níveis esperados. A avaliação do impacto das políticas de Trump neste contexto se tornou um elemento crucial nas discussões entre os formuladores de políticas econômicas.
Essa abordagem cuidadosa do Fed reflete sua estratégia de priorizar a estabilidade econômica e a confiança do mercado, mesmo em face de incertezas políticas. Conclui-se que a vigilância quanto à inflação e às políticas comerciais será fundamental para as decisões futuras do banco central.