A Bancada Evangélica do Congresso Nacional se encontra em um momento crítico, enfrentando a possibilidade de romper uma tradição de longa data. A escolha de seu novo líder, que normalmente ocorre por aclamação, desta vez será decidida através de um processo eleitoral devido a uma notável falta de consenso entre os membros. A votação está agendada para esta terça-feira (25).
Três deputados federais se destacam na disputa: Gilberto Nascimento (PSD-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Greyce Elias (Avante-MG). É importante notar que Greyce é a primeira mulher a se candidatar para liderar a bancada, uma representação significativa dentro de um espaço tradicionalmente dominado por homens.
A polarização política que caracteriza o cenário nacional, especialmente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contribui para o racha dentro da bancada evangélica. Gilberto Nascimento, que possui forte ligação com a ala bolsonarista, conta com o apoio do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ). Por outro lado, Otoni de Paula tem se mostrado uma opção mais alinhada ao governo atual, embora ele próprio não se declare como governista. Sua participação em uma cerimônia no Palácio do Planalto, onde orou pelo presidente Lula, evidencia essa tentativa de aproximação, mesmo que no passado ele fosse conhecido por suas defesas ao governo Bolsonaro.
A divisão entre os parlamentares evangélicos também se reflete nas expectativas para a votação desta terça-feira. Interlocutores da bancada sugerem que cerca de 60% dos membros deveriam buscar um diálogo com o Planalto, a fim de evitar a votação. Atualmente, há um cenário de incerteza sobre a possibilidade de se chegar a um consenso. Apesar das tentativas de várias reuniões ao longo do dia, muitos acreditam que o clima está pesado e que a decisão deve realmente seguir para a votação.
Se a eleição não for decidida por aclamação, o que é a prática usual, a votação acontecerá de forma secreta. Essa situação pode complicar a previsão de apoios e alianças, tornando o resultado final bastante imprevisível. A Frente Parlamentar Evangélica atualmente é composta por 126 deputados e 16 senadores de diferentes partidos, que não são obrigados a votar. O processo eleitoral utilizará urnas eletrônicas e está programado para iniciar às 17h.