A República Democrática do Congo (RDC) tem enfrentado uma tragédia humanitária desde o início deste ano, com aproximadamente sete mil pessoas mortas em decorrência dos intensos combates na região leste, conforme revelou a primeira-ministra Judith Suminwa em uma reunião de alto nível do Conselho de Direitos Humanos em Genebra. Entre os mortos, há tanto combatentes quanto civis. Somente na cidade de Goma, foram registradas mais de três mil mortes. A situação se agravou com a destruição de 90 campos de refugiados, deixando cerca de 450 mil pessoas sem abrigo.
Desde janeiro, o grupo rebelde M23 tem avançado na captura de áreas estratégicas do leste do país, como as cidades de Goma e Bukavu, que são conhecidas por seus ricos depósitos minerais. Diante desse cenário caótico, Suminwa fez um apelo à comunidade internacional para que apliquem "sanções dissuasivas" contra a Ruanda, acusada de apoiar esses grupos rebeldes em meio a deslocamentos forçados e execuções sumárias. "É impossível descrever os gritos e choros de milhões de vítimas desse conflito", expressou a premiê.
Na mesma reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que os direitos humanos têm sido "sufocados" em diversas partes do mundo, incluindo na República Democrática do Congo, onde há relatos alarmantes de abusos. Ele destacou que, se a questão da violação da integridade territorial não for abordada, a situação na RDC poderá piorar consideravelmente.
Recentemente, uma aliança de grupos rebeldes, incluindo a Alliance Fleuve Congo (AFC), anunciou a captura da cidade de Goma, enfrentando tropas governamentais e forças regionais da ONU. Esse avanço representa uma expansão significativa da influência rebelde na região, o que pode aprofundar ainda mais a crise humanitária, visto que o leste do Congo é uma área rica em minerais raros essenciais para a produção de eletrônicos.
Embora o governo congolês não tenha oficialmente confirmado a perda da cidade para os rebeldes, reconhece a presença deles em Goma, que é a capital da província de Kivu do Norte. Em resposta à situação, a República Democrática do Congo decidiu cortar relações diplomáticas com a Ruanda, chamando de volta sua equipe diplomática. O governo congolês acusa Ruanda de fornecer armas e apoio aos rebeldes.
O nome M23 deriva de um acordo assinado em 23 de março de 2009, que havia encerrado um conflito anterior no leste da RDC. Atualmente, o M23 representa um dos mais recentes grupos rebeldes formados por tutsis étnicos, que têm atormentado a RDC desde o genocídio em Ruanda há três décadas. Esse grupo argumenta que o governo congolês não cumpriu o acordo de paz e não integrou adequadamente os tutsis congoleses nas forças armadas e no governo.
Além disso, o M23 se posiciona como defensor dos interesses tutsis, principalmente contra milícias hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), constituídas por hutus que fugiram de Ruanda após o genocídio de 1994.
Com a continuidade do conflito e uma crescente crise humanitária, a situação na República Democrática do Congo demanda atenção urgente da comunidade internacional. A necessidade de intervenção e apoio humanitário é crítica, dado o número alarmante de vítimas e o deslocamento forçado de um grande número de civis. Para contribuir, é vital que a sociedade civil e organizações internacionais se mobilizem e busquem soluções para ajudar as vítimas desta devastadora crise.